RUBENS VALENTE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (29) a Operação Acrônimo, com 400 homens cumprindo 90 mandados de busca e apreensão em 60 empresas e 30 residências nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. A operação é consequência de investigação que começou em outubro do ano passado, durante as eleições, quando a PF apreendeu R$ 113 mil em espécie dentro de um avião que acabara de pousar no aeroporto de Brasília vindo de Belo Horizonte (MG). No avião estavam o empresário do setor gráfico Benedito Rodrigues, o Bené, que trabalhou em campanhas eleitorais do PT e mantém diversos contratos com o governo federal. A reportagem apurou, na época, que os contratos previam pelo menos R$ 200 milhões. Em 2010, ele esteve no centro do escândalo no qual foi descoberto um bunker para produção de dossiês contra tucanos, montado pela pré-campanha de Dilma Rousseff à Presidência. Também estava no avião Marcier Trombiere Moreira, ex-assessor do Ministério das Cidades -dominado pelo PP. Ele havia pedido licença do governo naquele ano para trabalhar na campanha de Fernando Pimentel, ex-ministro do governo Dilma Rousseff e eleito governador de Minas pelo PT. Trombiere afirmou, na época, que estava de carona no avião monitorado pela polícia e que carregava cerca de R$ 6.000 sacados de sua própria conta bancária para eventuais despesas médicas. Também na época, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que a apreensão não poderia ser colocada na conta do partido. O mesmo fez a coligação de Pimentel, que afirmou que não não poderia ser responsabilizada pelos valores. O avião, um turboélice King Air avaliado em R$ 2 milhões, foi apreendido pela Justiça Federal a pedido da PF. CONTRATOS Segundo a polícia, o objetivo da operação Acrônimo é “localizar eventuais documentos, valores e mídias que possam esclarecer a suspeita de que os valores que circulavam nas contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas aos investigados vinham da inexecução e de sobrepreço praticados pelo grupo em contratos com órgãos públicos federais”. Segundo a PF, os envolvidos são suspeitos de ocultar a origem do dinheiro por meio da técnica de “smurffing” -tentativa de evitar a identificação de movimentações fracionando valores- além de confusão patrimonial e do extensivo uso de “laranjas. A investigação, conforme a PF, durou oito meses e incluiu vigilância sobre os suspeitos. “As equipes de investigação também se detiveram sobre os dados existentes nos notebooks, smartphones, tablets, além de outros dispositivos e mídias apreendidos durante a ação no ano passado, cujos acessos foram autorizados pela Justiça. No total, mais de 600 gigabytes de informação relevante foram analisados, cruzados com outras fontes e bases de dados, além de passarem por um atento trabalho de mineração de dados”, informou a PF. O nome da operação é uma referência ao prefixo do avião apreendido, que são as iniciais dos nomes dos filhos de Benedito.