LEANDRO COLON, ENVIADO ESPECIAL ATENAS, GRÉCIA (FOLHAPRESS) – O governo da Grécia e os credores retomaram as conversas na tentativa de um acordo de última hora para evitar o calote de 1,6 bilhão de euros no FMI (Fundo Monetário Internacional) nesta terça-feira (30). Segundo jornais gregos, o primeiro-ministro Alexis Tsipras havia rejeitado na noite passada uma oferta enviada pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. No entanto, a mídia local diz que as partes teriam voltado a conversar nesta manhã em busca de uma solução. A Grécia poderia fazer uma nova proposta durante o dia. O governo tem até as 18h do horário de Washington (1h de quarta-feira, 1º, pelo horário de Atenas) para quitar a dívida com o FMI. Por volta das 12h desta terça (6h, horário de Brasília), a reportagem presenciou o ministro de Finanças, Yanis Varaoufakis, chegando ao seu escritório no centro de Atenas. Ele falou rapidamente com a reportagem e mais três jornalistas gregos e pediu “calma” à população. A cidade de Atenas amanheceu com filas nos caixas eletrônicos, no segundo dia de controle de capital, medida tomada pelo governo para evitar a fuga de capital. Os bancos continuam fechados, provavelmente até o começo da semana que em, após o plebiscito convocado para o domingo (5) sobre o acordo. Caso a Grécia chegue a um consenso de última hora com os credores, o plebiscito poderia ser cancelado, segundo lideranças políticas gregas. Em entrevista ao “Financial Times”, o ministro da Economia grega, George Stathakis, confirmou que o país não pagaria a dívida com FMI nesta terça. Tecnicamente, o FMI trata isso como “atraso”, mas a Grécia deixou claro que não vai pagar, a não ser que tenha acesso a 7,2 bilhões de euros, última parcela do socorro recebido de 245 bilhões de euros do Fundo e do BCE (Banco Central Europeu) desde 2010. O programa de resgaste externo da Grécia também termina nesta terça. Para liberar os recursos, os credores cobraram cortes de gastos e aumentos de tributos que a Grécia não aceitou. As negociações foram suspensas no sábado, depois que o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, pediu a prorrogação da dívida por um mês por causa do plebiscito. Na noite passada, Tsipras deu uma entrevista na TV defendendo o voto pelo “não”, ou seja, contra o acordo. “O plebiscito é uma arma para nós, para o povo grego”, disse. “Se tivermos um alto número de pessoas votando ‘não’, estaremos numa posição mais forte”, ressaltou, sugerindo que pode deixar o cargo, dependendo do resultado da votação. Eleito em janeiro pelo partido de esquerda Syriza sob o discurso antiausteridade fiscal, ele reafirmou que um voto contra o acordo não significa a saída da zona do euro.