ISABEL VERSIANI E TONI SCIARRETTA BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) abriu nesta quinta-feira (2) um processo administrativo para investigar um suposto cartel formado por instituições financeiras com o objetivo de manipular a taxa de câmbio no país. As empresas investigadas no processo são Banco Standard de Investimentos, Banco Tokyo-Mitsubishi UFJ, Barclays, Citigroup, Credit Suisse, Deutsche Bank, HSBC, JP Morgan Chase, Merril Lynch, Morgan Stanley, Nomura, Royal Bank of Canada, Royal Bank of Scotland, Standard Chartered e UBS, além de 30 pessoas físicas. A investigação teve início a partir de um acordo de leniência celebrado por um participante do cartel com a Superintendência-Geral do Cade e o Ministério Público Federal. Nesse tipo de acordo, o participante aponta os demais envolvidos e se compromete a colaborar com a apuração em troca da extinção ou redução das punições previstas. Segundo a superintendência-geral do Cade, existem “fortes indícios de práticas anticompetitivas” de fixação de preços e condições comerciais entre as instituições financeiras concorrentes. As condutas teriam durado, pelo menos, de 2007 a 2013. “Segundo as evidências, os representados teriam feito um cartel para fixar níveis de preços (spread cambial); coordenar compra e venda de moedas e propostas de preços para clientes; além de dificultar e/ou impedir a atuação de outros operadores no mercado de câmbio envolvendo a moeda brasileira”, afirmou o Cade em nota. Segundo o conselho, as instituições financeiras trocavam informações por meio de chats da plataforma da agência de notícias Bloomberg. Procurada, a agência não se pronunciou. Os acusados terão um prazo de 30 dias para apresentar defesa. O caso terá de ser julgado pelo tribunal do Cade, responsável pela decisão final. Procurados pela reportagem, os bancos JP Morgan, Morgan Stanley, Merril Lynch e Banco Standard de Investimentos disseram que não vão comentar o assunto. A reportagem está entrando em contato com todos os bancos envolvidos. ESCÂNDALO DE 2012 Em 2012, alguns dos maiores bancos europeus foram investigados por suspeita de manipular a taxa Libor (empréstimos entre bancos em Londres), usada em contratos de dívida corporativa, entre 2005 e 2010. Entre os bancos investigados estavam os britânicos Barclays, HSBC, RBS, Lloyds, alem de Deutsche Bank, UBS, Societe Generale, Credit Suisse, Rabonank, entre outros. As investigações ainda rendem multas e acordos com as instituições financeiras que já somaram mais de US$ 7 bilhões.