MARIANA CARNEIRO E DANIELA LIMA BUENOS AIRES, ARGENTINA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A dez dias das eleições primárias na Argentina, os vídeos de propaganda dos candidatos estão gerando polêmica no país. Um deles é do peronista José Manoel De la Sota, cuja campanha está a cargo do marqueteiro brasileiro João Santana. Com título “Noivado”, o vídeo foi considerado machista pela militância feminista do país. O spot mostra uma festa de noivado. A mãe, com trejeitos que fazem referência à presidente Cristina Kirchner, pede umas palavras do noivo. O rapaz se levanta e afirma que precisa pensar, que há outras mulheres em sua vida. E encerra com a seguinte frase: “As PASO [primárias abertas simultâneas obrigatórias] são apenas um noivado. O casamento vem depois, dê uma oportunidade agora a De la Sota”. Nesta etapa da eleição, os candidatos disputam dentro de seus partidos para decidir quem competirá na votação definitiva, em outubro. De la Sota está atrás de seu adversário interno, o também peronista Sérgio Massa, dentro da frente UNA. “Não é machista, é simpático. Não posso ser machista, só tenho filhas mulheres”, disse o candidato nesta quinta (29) à reportagem. “Acho que essas críticas são ciúmes do João Santana, que é um grande profissional do marketing”. De la Sota é amigo pessoal de João Santana e disse que o brasileiro está trabalhando sem cobrar na Argentina. “Está me cobrando apenas pelo trabalho de seus funcionários, somos amigos pessoais”. ‘PAPAI’ Outro que também vem causando surpresa entre os eleitores nas redes sociais é o candidato da Nova Esquerda Alejandro Bodart. Seu último filme de divulgação é uma cena de um parto. Um homem, usando a máscara de Carlos Menem, “dá a luz” a dois homens. “Esse eu vou chamar de Maurício e esse outro de Danielzinho”, diz, referindo-se aos dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas: Daniel Scioli, da Frente para a Vitória, e Mauricio Macri, do PRO. O vídeo de chama “Filhos dos anos 1990”, década repudiada pelos argentinos, que atribuem aos erros da política de Menem a crise que fez o país entrar em colapso em 2001. Para chegar à eleição definitiva, os partidos pequenos têm que superar uma cláusula de barreira, que nestas PASO são de 500 mil votos.