SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Centenas de pessoas se reuniram em Caracas nesta sexta (28) em uma manifestação de apoio às últimas ações do governo da Venezuela na fronteira com a Colômbia, que provocaram a deportação de milhares de imigrantes colombianos.
Segundo os manifestantes, convocados pelo partido governista Psuv, o fechamento das fronteiras é necessário para a segurança e integridade da Venezuela.
Em discurso à multidão, o presidente Nicolás Maduro disse que tem tido “bastante paciência” com a Colômbia. “Há um ano disse a Juan Manuel Santos [presidente colombiano]: vamos fazer um plano para combater o contrabando, os paramilitares, os aproveitadores. Um ano depois, o lado colombiano não fez nada.”
No dia 20 de agosto, o presidente Nicolás Maduro fechou dois dos principais postos de fronteira com a Colômbia e declarou estado de emergência em seis cidades. Mais de 1.100 imigrantes colombianos foram deportados e outros 5.000 saíram por conta própria, muitos alegando estar sob pressão.
O estado de emergência permite que policiais venezuelanos façam operações de buscas em casas sem mandato judicial e dispersem aglomerações públicas. Alguns colombianos que foram deportados denunciaram truculência de soldados da Venezuela.
“Pedimos às autoridades venezuelanas que garantam o respeito aos direitos humanos de todos os indivíduos afetados, particularmente os deportados pela crise”, disse nesta sexta o porta-voz do Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU.
Um encontro entre representantes colombianos e venezuelanos na quarta (26) não chegou a um acordo para a reabertura da fronteira.
Na quinta (27), o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, convocou o embaixador do país na Venezuela para consultas —gesto que, na linguagem diplomática, demonstra alto grau de insatisfação com o país anfitrião. Em resposta, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chamou de volta seu embaixador em Bogotá, horas depois.
OEA
A OEA (Organização dos Estados Americanos) marcou para segunda (31) uma sessão plenária para definir se convoca uma reunião de chanceleres sobre o fechamento da fronteira entre Colômbia e Venezuela.
A votação atende a pedido da Colômbia, que recorreu ao órgão e à Unasul (União das Nações Sul-Americana) a fim de tentar mediar a crise. Nesta sexta, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, pediu diálogo às partes.
A negociação, porém, pode emperrar no fato de que Maduro não reconhece a autoridade do órgão pan-americano. Nesta sexta, ele disse que a OEA “não tem nenhuma utilidade” e “deve tirar seu nariz desse assunto”.