SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A USP (Universidade de São Paulo) vai investigar estudantes que promoveram uma festa no campus da instituição no Butantã (zona oeste da capital). O evento ocorreu na noite de sexta-feira (28) e foi organizado pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes).
Desde quinta-feira, quando uma portaria da universidade foi publicada no “Diário Oficial” do Estado, festas sem autorização e com consumo de bebidas alcoólicas estão proibidas na USP.
A festa do DCE ocorreu em protesto à medida e ao reitor Marco Antonio Zago. Ela se chamava “Festão Contra a Proibição: Dança Zago, Dança até o Chão”.
A USP diz que o evento não tinha autorização para ocorrer e que os estudantes consumiram bebidas alcoólicas. A universidade afirmou, ainda, que nesta segunda (31) vai abrir um processo de investigação para “eventual punição aos envolvidos”.
Em nota, o DCE da USP diz que a festa foi marcada antes da proibição ser publicada no Diário Oficial. O órgão afirma, também, que outras festas ocorreram no campus no mesmo dia.
“Nós entendemos como um grave ataque essa medida da reitoria de Marco Antonio Zago. O argumento de que as festas seriam a origem de casos de violência na USP é completamente falso, excludente, racista e discriminatório”, diz a nota.
“Em nossa opinião, a proibição inclusive aprofunda aquilo que é a real origem dos casos de violência: um projeto de universidade elitista, em que poucos podem entrar, menos ainda conseguem finalizar seus estudos, e que não se relaciona nem é ocupada pela sociedade em geral. Acreditamos que a USP, como universidade pública que deve ser, deve ter seus espaços abertos ao uso de toda a população”, diz o DCE.
NORMA
A proibição a festas foi decidida pelo Conselho Gestor da USP em dezembro do ano passado.
A resolução restringe a realização de festas e proíbe a compra, venda, fornecimento e consumo de bebidas alcoólicas em qualquer evento na Cidade Universitária.
Segundo a norma, os eventos deverão ser autorizados pelo diretor da unidade onde serão realizados e pela Prefeitura do Campus.
Além disso, as reuniões devem ser “compatíveis com a vida universitária, em locais que comportem o público esperado, que não interfiram nas atividades” do local.
Na prática, o veto à venda de bebidas alcoólicas apenas reforça proibição que já é prevista por lei desde 2009.
A aprovação ocorreu pouco mais de dois meses após a morte do estudante Victor Hugo Marques dos Santos, 20, achado na raia olímpica da USP ao sair de uma festa.