O país é pequeno: apenas 11 milhões de habitantes ocupam o território de 163,6 quilômetros quadrados – equivalente ao nosso pequeno Estado do Acre – e mantém o governo como República Parlamentar. Independente da França desde 1956, a Tunísia voltou às primeiras páginas da imprensa internacional, quando o Nobel da Paz premiou o Quarteto de Diálogo Nacional da Tunísia, grupo político criado em 2013 para acelerar a democratização do país, depois dos eventos de 2011, que resultaram da queda do ditador Bem Ali. Foi o primeiro país da Primavera Árabe na região.

A Tunísia assim, através de um sindicato (UGTT), a Confederação da Indústria, Comércio e Artesanato da Tunísia, a Liga dos Direitos Humanos do país e a Ordem dos Advogados local, desbancou a indicação do papa pop Francisco, que fez mediação entre os Estados Unido e Cuba para o reinício das relações diplomáticas e também causou sensação no mundo com a Laudato Si, encíclica ambiental publicada neste ano, contra as mudanças climáticas da década. É que graças ao Quarteto, o país aprovou uma nova Constituição, elegeu o Parlamento e presidente e apoia o papel da sociedade civil no processo democrático.


Chá de menta, café forte, as bebidas convencionais da Tunísia

TURISMO COMO BASE DA ECONOMIA
A Tunísia sempre apoiou sua economia no Turismo. O pequeno país é uma verdadeira caixa de surpresas, com opções variadas. Aventura, sítios históricos, história rica, praias banhadas pelo azul do Mediterrâneo, lotadas de resorts luxuosos e confortáveis. É um pedaço do mundo árabe em uma área que equivale à da metade do Estado de São Paulo.O exotismo do Deserto do Saara, os mistérios de uma cultura ainda distante da nossa, os mercados irresistíveis, o colorido de suas cidades, a gastronomia sofisticada, o bom vinho que é famoso até na França.

Viajar para a Tunísia pode representar um passeio de balão no final da tarde sobre um oásis no deserto; fazer compras no souk de coisas que nunca foram adquiridas antes; fazer um percurso no dorso de camelo, para depois descansar na praia de um sofisticado resort. São mil e uma as razões para conhecer a Tunísia. Reserve pelo menos uma semana para uma idéia geral de muita beleza.


Casas brancas, portas e mar azul: nada se compara com as belezas no Mediterrâneo

SÍTIOS HISTÓRICOS
São mais de 3000 anos de presença na história do mundo. E foram muitos os povos que por ali passaram, deixando marcas que hoje são atração turística. Os fenícios vieram da região, os cartagineses ficaram na histórica cidade-estado de Cartago, onde hoje fica um bairro de Túnis. Ruínas romanas estão por toda parte, como as termas de Antonino, sítio histórico bem conservado, junto do palácio presidencial de Túnis.Sbeitla também tem marcas romanas que impressionam, como o Arco de Diocleciano, ao lado de ruínas bizantinas e árabes.

Mas nenhuma ruína romana da Tunísia bate a grandiosidade do Coliseu de El Djem, Pouco menor do que o Coliseu de Roma, ficou muito melhor conservado e o monumento imenso fica ainda mais marcante, por estar ao lado de uma vila pobre. É que no tempo em que Roma mandava no mundo, El Djem era a poderosa Thysdrus, um dos mais ricos entrepostos comerciais do mundo. O coliseu é dessa época.


Portas em azul, trabalhadas com desenhos em metal, destaques da jóia da Tunísia, Sidi Abou Said, antiga colonia de pescadores

DESERTO E OÁSIS
Um terço do território tunisiano é constituído pelo deserto mais famoso do mundo, o Saara. O grande deserto vermelho começa a 600 quilômetros de Túnis e foi lá que boa parte dos filmes O Paciente Inglês e Lawrence da Arábia. É no deserto que vive o povo mais típico da Tunísia, o berbere, em aldeias próximas a um oásis. E eles são de vários tipos: os da planície, com palmeiras e um lago no meio, os de praia ou sael (em geral um punhado de palmeiras), e os de montanha, que são os mais bonitos e maiores.

Além do deserto, a Tunísia tem 1000 quilômetros de praias. E quase nunca chove, o que garante boas férias. O país é região semi-árida, onde o sol só não aparece uns dez dias ao ano. A chuva é pouca, rápida. No verão o calor ultrapassa os 40º C, mas volta aos 26º C em setembro e outubro, durante o dia. O inverno pode ter temperaturas em torno de 10º C e elas baixam ainda mais no deserto, com variações extremas.


Nos souks, roupas típicas, artesanato tradicional e alimentação. Uma festa

Fica difícil de imaginar, mas na beira do deserto, numa grande depressão que se estende por muitos e muitos quilômetros abaixo do nível do Mediterrâneo, o lago salgado de El Jerid já foi um braço de mar. Há muitos milhares de anos, secou e virou a paisagem única que o turista encontra hoje, com extensa crosta de sal cristalizada, branca, brilhando ao sol. O sal extraído é exportado principalmente para a França. O que o turista não resite é de guardar as famosas rosas do deserto, formações minerais que lembram as flores. O El Jerid também causa alucinações visuais, as famosas miragens, que dizem ser efeito do calor e da refração da luz nos cristais de luz. Impossível passar pelo Chott El Jerid sem ver coisas que não existem na realidade.

DEBAIXO DA TERRA
Também na beira do deserto, a região entre Matmata e Tataouine é uma das mais especiais. Não só pelo aspecto externo, que todos tem alguma referência porque foi lá que o cineasta George Lucas filmou parte de Guerra nas Estrelas. Daí o nome do planeta natal do herói Luke Skywalker era Tatooine. Na região árida como a do filme, existe um povo que mora dentro da terra, como abrigo contra o clima. Para fugir do sol a 45º C durante o dia e o frio gelado à noite, o povo de Matmata escavou suas casas na montanha. De longe, quase desaparecem. De perto só se vê a entrada para grandes pátios subterrâneos, a partir dos quais são organizadas as casas: quartos, cozinha e ante sala, onde as mulheres com o rosto tingido de henna moem trigo, tecem algodão, bordam tapetes e até recebem turistas.


Nos hotéis, sempre de estilo árabe, o conforto e o luxo especial para turistas

PRAIAS DO VERÃO
Os 1.300 quilômetros de litoral ficam lotados de europeus no verão, procurando sol e tarifas baixas. Duas coisas que a Tunísia tem de sobra. As praias são de areia branca e fina, as aguas do famoso azul profundo, quase não há ondas. Hammamet, Sousse, Monastir, Ilha de Jerba são lugares cheios de resorts de luxo, brancos refletindo a luz, no melhor estilo árabe. Há pontos especiais para mergulho, como o Tabarka, perto da fronteira com a Argélia, com extensas formações de corais. O clima ajuda e é possível aproveitar as praias na meia estação.

Uma das jóias da Tunísia é Sidi Bou Saïd, que foi aldeia de pescadores no alto de um penhasco, antes de se tornar um dos principais pontos de turismo pertinho de Túnis, com suas características casas brancas de portas azuis. Lojinhas, restaurantes, cafés lembram um pouco a ilha grega de Santorini. É o melhor lugar para beber um chá de menta, na hora em que o sol se põe no mar.


Museu do Bardo, o maior acervo de mosaicos antigos do mundo

INDO E FICANDO
As operadoras têm pacotes turísticos bem completos, incluindo avião, hotel, excursões pelo país, guias em espanhol. Os roteiros costumam iniciar na capital, Túnis, passando pelas cidades do litoral com Hammamet, Sousse, Monastir, Sfax, Gabes, ilha de Jerba, avançando depois para o interior em direção de Kebili, Tozeur ( à beira do lago salgado de Jerid), Medenine e Tataouine. O bom é que dá para esticar a viagem para a Europa, tão próxima. Uma opção: ir para a Sicília, Paris ou Roma. E não esqueça: o Museu do Bardo, é a herança da mítica Cartago, civilização que fez história no Mediterrâneo. Tem uma das maiores coleções de mosaicos romanos do planeta. Com a praia de um lado e o Saara do outro, a Tunísia é mediterrânea, muçulmana e ainda fala francês. Ao norte fica o mar, ao sul, o deserto.


Nas mesquitas e monumentos, as marcas dos muitos povos que passaram pela Tunísia

O norte é branco e azul, o sul é areia e terracota. O norte abriga a capital tunisiana e é mais cosmopolita e turístico. O sul é bíblico, com terra de rebanhos e pastores, rochas e oásis. Na arquitetura sagrada das mesquitas e medinas, nas velhas cidades muradas com inscrições seculares do Corão. A costa azulada e bem temperada da ex-colônia francesa já seria atração suficiente para valer uma viagem. Hammamet, por exemplo, era uma romântica aldeia de pescadores que encantou o pintor Paul Klee e o escritor André Gide nos anos 20. Hoje é balneário turístico de belas praias, grandes hotéis e campos de golfe. No centro antigo é proibido o uso de carros, e é lá que o turista compra almofadas, pufs, caftãs, bijuterias. Se a vontade é comprar cerâmica, é bom ir até Nabeul, distante 19 quilômetros de Hammamet, onde é feita uma das mais belas cerâmicas do planeta, desde o século 17.


Artesanato milenar, segue a tradição da cultura de mais de 3 mil anos

Primeiro foram os fenícios, depois os romanos, vândalos, bizantinos, árabes, espanhóis, turcos e franceses. Tudo para fazer da Tunísia uma dos mais interessantes roteiros para quem gosta de sol, conforto, história. Siga os passos dos diretores de cinema, como Steven Spielberg, Franco Zeffirelli, George Lucas, Terry Jones. Compre um tapete, coma doce de mel, gergelim, pistache , amêndoas e frutas secas, beba chá de menta, tome um café forte preparado à maneira árabe, dê umas tragadas no narguilé com aroma de maçã. Suba em um camelo e procure uma miragem. A Tunísia já é Prêmio Nobel da Paz.