JOSÉ MARQUES, ENVIADO ESPECIAL, E ALEX CAVANCANTI MARIANA, MG, E VITÓRIA, ES (FOLHAPRESS) – Sete dias depois da tragédia de Mariana (MG), quando um “mar de lama” destruiu um vilarejo, causou a morte de pelo menos seis pessoas e o desaparecimento de outras 19, a presidente Dilma Rousseff sobrevoa a região mineira e cidades do Espírito Santo nesta quinta-feira (12).

A visita ocorre um dia depois de o Ibama ter anunciado uma multa à mineradora Samarco.

Nesta quarta (11) também, os executivos da Vale e da BHP -donos da empresa responsável pelas minas foco da tragédia- falaram publicamente pela primeira vez. Na quinta (5) da semana passada, duas barragens se romperam em Bento Rodrigues e destruíram o subdistrito de Mariana. O mar de lama que saiu do local desembocou em rios e já afeta outras cidades mineiras e até do Espírito Santo.

Oficialmente, 19 pessoas estão desaparecidas com a tragédia e foram achados oito corpos -seis deles já identificados. Representantes do governo Dilma até visitaram a região após a tragédia. Foram os ministros Gilberto Occhi (Integração Nacional) e Nilma Lino Gomes (Direitos Humanos), mas nenhuma medida foi anunciada depois disso. Nesta quarta (11), quando onda de lama já chegava a Colatina (ES), o governo federal declarou estado de emergência na região.

A data coincidiu com a primeira aparição pública dos presidentes da Vale, Murilo Fereira, e da BHP, Andrew Mackenzie, que anunciaram a criação de um fundo de assistência às vítimas e ao meio ambiente. No mesmo dia, o Ibama informou que multará a Samarco em até R$ 100 milhões por lançamento de rejeitos nos rios e perda da biodiversidade. O prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS), estima que precisa no mínimo desse valor para recuperar a cidade. Ao menos 600 pessoas ficaram desalojadas e estão em hotéis da região.

 

ESPÍRITO SANTO

Nesta quinta (12), o governo do Espírito Santo pediu a ajuda do Exército e do Ministério da Integração para enfrentar os problemas provocados pela onda de lama e rejeitos de mineração que se desloca pelo rio Doce e deve atingir no próximo sábado (14) os municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares. As três cidades capixabas têm, juntas, cerca de 280 mil habitantes e a maior parte dessa população deve ter o abastecimento de água suspenso por conta da alta concentração de lama no rio Doce.

O pedido foi feito um dia antes da visita agendada pela presidente Dilma, que deve percorrer hoje as regiões afetadas. O secretário de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, João Coser, informou que o pedido foi feito pessoalmente pelo governador Paulo Hartung (PMDB), em conversa com o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi.