MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um dos dois senadores petistas que decidiram pela manutenção da prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) nesta quarta-feira (25), Paulo Paim (RS) justificou o seu voto com o argumento de que votou com a consciência por considerar muito graves as revelações de que o colega atuou para obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
Além de Paim, o senador Walter Pinheiro (PT-BA) também votou para que Delcídio permanecesse preso. Os dois senadores foram os únicos petistas que divergiram do encaminhamento feito pelo líder do PT, Humberto Costa (PE), que defendeu a soltura do petista. Por ampla maioria, o Senado decidiu na noite desta quarta por manter a prisão preventiva, como determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Procurado, Pinheiro não foi localizado para comentar o seu voto nesta quinta.
Após a votação, Paim e Pinheiro trocaram mensagens por celular. Os dois lamentaram o caso. “Foi duro mais foi acertada a nossa posição”, escreveu Pinheiro. Ao que Paim respondeu na manhã desta quinta (26): “De fato, está doendo até agora”. Ele acrescentou a imagem de dois corações partidos à mensagem.
Segundo o senador gaúcho, ficou impossível fazer uma defesa de Delcídio diante das evidências de que ele atuou para convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, preso por corrupção no esquema da Petrobras, a não citá-lo em uma eventual delação premiada.
A negociação com a família de Cerveró foi entendida pela Procuradoria-Geral da República e pelo STF (Supremo Tribunal Federal) como uma tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
“Ninguém aqui contestou o dossiê. Infelizmente é lamentável o documento que chegou aqui. Ficamos constrangidos e perplexos”, disse. De acordo com ele, a Casa tinha o entendimento de não querer atrapalhar as investigações do STF.
Segundo Paim, Delcídio era muito querido pelos seus colegas e por isso foi difícil tomar a decisão. Apesar de ter defendido a prisão, Paim reiterou que é preciso garantir o direito de defesa do colega. “Por mais duro que a gente seja nesse momento, ele tem o direito de se defender”, disse.
Assim como Costa e senadores de diversos partidos, Paim também criticou a nota emitida pelo presidente do PT, Rui Falcão, em que o dirigente afirmou que o partido não “não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade” porque as tratativas atribuídas a Delcídio não tinham relação com a sigla.
“A nota foi de uma infelicidade e em um momento errado. Ela veio em um momento constrangedor, enquanto votávamos pela manutenção da prisão. Se saísse hoje, por exemplo, ela teria um impacto muito menor”, disse.
O senador gaúcho afirmou que não sofreu nenhum tipo de represália ou cobranças por parte de seus correligionários porque está de saída do PT. Paim informou que até o fim do ano deve tomar uma decisão sobre o partido que escolherá.