THAIS BILENKY
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O prefeito de Chicago, Rahn Emanuel, demitiu nesta terça-feira (1º) o chefe de polícia da cidade, Garry McCarthey, em resposta ao manejo da crise provocada pela morte de um adolescente negro baleado por um policial branco.
Laquan McDonald, 17, foi morto em outubro de 2014, mas o policial nunca havia sido indiciado. O caso voltou à tona na semana passada com a divulgação de um vídeo mostrando o adolescente sendo atingido por 16 tiros.
Em entrevista, Emanuel afirmou que o chefe de polícia tornou-se “ele mesmo uma questão, em vez de resolver uma questão”. Ele havia nomeado McCarthey em 2011 para lidar com uma taxa de homicídios persistente.
O prefeito agradeceu o trabalho de seu chefe de polícia, mas que era necessário manter a confiança da população para poder reformar as instituições policiais e combater o crime e o crescimento das gangues.
Emanuel ainda montou uma comissão de cinco pessoas para conduzir uma revisão completa do departamento policial, em padrão similar ao feito pelas cidades de Ferguson e Baltimore após a morte de jovens negros.
McCarthey deixa a polícia depois de um de seus subordinados, Jason Van Dyke, ser acusado de homicídio doloso -com intenção de matar- pela morte do adolescente negro. O vídeo do assassinato foi divulgado na semana passada a pedido da Justiça.
Nas imagens, Laquan McDonald aparece com uma faca pequena na mão a metros de distância do policial e não parecia ameaçar o policial quando o agente abriu fogo. Ele continuou a atirar depois que o adolescente tinha caído no chão.
Até a divulgação do vídeo, a polícia afirmava que o adolescente portava uma faca e que, no momento da morte, os agentes atendiam reclamações de que alguém estava roubando aparelhos de som de carros.
PROTESTOS
A divulgação dos detalhes sobre a morte levou de volta às ruas os ativistas contra a violência policial e o racismo nos EUA. Em um deles, em Minneapolis, um grupo de negros foi baleado por homens brancos durante um protesto.
Além de provocar protestos por todo o país, os casos de violência policial contra negros nos EUA têm resultado em acordos extrajudiciais com as famílias das vítimas.
Em setembro deste ano, a Prefeitura de Baltimore chegou a acordo em que pagará US$ 6,4 milhões (R$ 24,32 milhões) à família de Freddie Gray, jovem negro que morreu após ser gravemente ferido pela polícia em abril.
Em julho, a Prefeitura de Nova York também fez acordo extrajudicial com a família do ambulante Eric Garner, 43, morto por asfixia por um policial em julho de 2014. Os familiares de Garner receberão US$ 5,9 milhões.
Outro episódio que deflagrou protestos foi a morte do jovem negro Michael Brown, 18, pelo policial branco Darren Wilson, em Ferguson (Missouri), em agosto do ano passado. O movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) emergiu durante a onda de manifestações após a morte de Brown.