SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O jornal britânico “The Independent” vai encerrar suas edições impressas em março e ficará apenas com a versão digital, informou nesta sexta-feira (12) o proprietário da publicação, Evgeny Lebedev. Segundo o diário britânico “The Guardian”, o “Independent”, fundado em 1986, tinha prejuízo praticamente desde que foi criado e, nos últimos anos, perdia leitores. A circulação do jornal era de cerca de 40 mil edições, e as vendas não compensavam o custo de publicação. Em 1990, as vendas do jornal chegavam a 423 mil, superando as do “Times”, do magnata Rupert Murdoch. A última edição impressa do jornal deve ser publicada em 26 de março, enquanto no dia 20 do mesmo mês deve chegar às bancas a última edição do dominical “Independent on Sunday”. Ao justificar a decisão, Lebedev indicou que o fim da edição impressa foi simplesmente “dar o passo que todos estavam com medo de dar”. “A indústria de jornais está mudando, e essa mudança está sendo conduzida pelos leitores. Eles nos mostram que o futuro é digital”, afirmou Lebedev em comunicado. “A decisão preserva a marca ‘Independent'”, acrescentou.

Desta forma, o “Independent” se tornará o primeiro jornal britânico a ter apenas versão on-line, decisão já adotada pelo espanhol “Público” e pelo francês “La Tribune”, que sai em papel apenas uma vez por semana. O “Guardian” lembra que o jornal sobreviveu, na década de 1990, a uma guerra de preços iniciada por Murdoch e que afetou seriamente suas finanças. Após se ver menor que rivais como o próprio “Guardian”, o “Mirror” e o “Daily Telegraph”, precisou inovar. Foi o primeiro a abandonar a versão padrão pelo formato tabloide, em 2003, e também o primeiro a trazer o editorial para a primeira página. Em 2010, lançou uma versão para o público jovem, o “i”, que teve boa recepção -em parte pelo preço baixo (apenas 20 pences, ou cerca de R$ 1,15). O “i” foi vendido ao grupo Johnston Press. O “Independent” terá um grande desafio em sua empreitada 100% on-line. Com 2,8 milhões de usuários únicos por dia, de acordo com dados de dezembro, fica atrás do “Daily Mail”, do “Guardian”, do “Daily Telegraph” e do “Mirror”. Mas a receita com a versão digital deve crescer 50% neste ano, segundo os proprietários.