SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com uma vantagem de 0,6 ponto percentual, o ecologista independente Alexander Van der Bellen venceu o candidato de extrema-direita Norbert Hofer na eleição de domingo (22) e é o novo presidente da Áustria.
Segundo a contagem oficial, Van der Bellen teve 50,3% dos votos e Hofer ficou com 49,7%, uma diferença de 31.026 votos. A conta inclui os votos enviados pelo correio, que representou 14% do eleitorado.
Este modelo de sufrágio é tradicionalmente desfavorável ao Partido da Liberdade, de Hofer. No domingo, os primeiros resultados da apuração e as pesquisas boca de urna apontavam uma chance de vitória apertada do direitista.
Ao falar após a vitória, Van der Bellen disse aceitar que muitos austríacos tenham visões diferentes e estejam irritados, mas afirmou: “As pessoas podem ser diferentes e ainda tratar um ao outro de forma respeitosa”, disse.
Em sua campanha, ele atacou Hofer algumas vezes. Disse não querer uma Áustria governada por “um populismo de direita” e incentivou eleitores “que não gostem de mim, mas que gostam menos ainda de Hofer”.
O tom de união dos adversários contra o partido de extrema-direita acabou dando certo. Tendo recebido 21,3% dos votos no primeiro turno, o liberal e ex-líder do Partido Verde recebeu apoio dos partidos tradicionais.
Primeiro colocado no primeiro turno, com 35,1% dos votos, Hofer usou um tom mais moderado para atrair os eleitores, dando ênfase na geração de empregos e na melhora da qualidade de vida dos austríacos.
Embora tenha aberto mão do discurso xenófobo que caracterizou seu partido, os militantes defendiam o aumento das restrições à entrada de refugiados e uma tentativa de saída da União Europeia.
Van der Bellen deverá tornar-se o primeiro candidato ecologista a ser eleito chefe de Estado austríaco, e o único na Europa atualmente. Sua posse está marcada para 8 de julho, sucedendo o social-democrata Heinz Fischer.
EXPECTATIVA
Assim como em outros países da Europa, o presidente da Áustria não é responsável pelo governo. Porém, a chance de vitória de um candidato de extrema-direita e anti-imigração era vista com expectativa no continente.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, havia dito que estava preocupado com a chance de vitória da extrema-direita. O primeiro-ministro francês, o socialista Manuel Valls, se dizia aliviado.
“É um alívio ver os austríacos rejeitando o populismo e o extremismo. Todos na Europa deveriam tirar lições disso”, afirmou.
A vitória na Áustria era vista com bons olhos pela Frente Nacional, que faz parte da oposição francesa. A candidata do partido, Marine Le Pen, é colocada como uma das favoritas na eleição presidencial do país, em 2017.
Em mensagem no Facebook, Hofer agradeceu o apoio e pediu mobilização para próximas eleições. “Claro, hoje estou triste. Os esforços mobilizados pra esta campanha não foram perdidos, mas serão investidos no futuro”, disse.
O coordenador de campanha de Hofer, Herbert Kickl, disse que o resultado é uma prova da perspectiva do Partido da Liberdade no futuro. “Somos muitos e estamos muito, mas muito bem colocados para a eleição parlamentar”, disse.
O resultado apertado mostra a divisão dos austríacos em relação à imigração e à permanência da União Europeia e foi um claro sinal à política tradicional. Os dois principais partidos do país não foram para o segundo turno.