SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Estudo mostra que um feto infectado pelo vírus da zika tem risco de 1% a 13% de desenvolver microcefalia durante o primeiro trimestre da gravidez. A pesquisa foi publicada na “New England Journal of Medicine”, revista médica dos EUA.
Os pesquisadores dos CDC (centros americanos de controle e prevenção de doenças) dos EUA chegaram a esta estimativa através da criação de um modelo matemático baseado em estatísticas de infecção pelo zika e casos de microcefalia na Polinésia Francesa, que viveu um surto de zika em 2013, bem como na Bahia.
O Brasil é o país mais afetado pela doença, que ganhou força no ano passado, acompanhado por uma explosão de casos de microcefalia.
Esta malformação congênita irreversível, que costuma ser muito rara, faz com que o crânio tenha um tamanho reduzido e, muitas vezes, que o cérebro tenha um desenvolvimento incompleto.
Os pesquisadores dos CDC e da Universidade de Harvard determinaram que havia uma forte relação de causa e efeito entre a infecção pelo vírus zika durante o primeiro trimestre da gravidez e o risco de microcefalia fetal, que é praticamente insignificante nos segundo e terceiro trimestres.
Porém, mais pesquisas são necessárias para compreender os efeitos do vírus em todas as fases da gravidez, apontam os pesquisadores.
Os EUA haviam registrado até 12 de maio 279 mulheres grávidas infectadas com zika que estão sendo monitoradas, incluindo 122 em territórios americanos onde o mosquito Aedes Aegypti, o principal transmissor da doença, está ativo, de acordo com os CDC. É o caso de Porto Rico, por exemplo, atingido por uma epidemia.
Nos EUA, as pessoas foram infectadas durante viagens aos países onde a infecção está ativa ou por via sexual.
No Brasil, foram contabilizados cerca de 3.600 mulheres grávidas infectadas com o zika desde janeiro deste ano. E desde o início da epidemia, em 2015, foram registrados mais de 1.400 casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos confirmados.
Em abril, os pesquisadores dos CDC confirmaram que o vírus provocava a microcefalia e outras anomalias no feto, mas os virologistas ainda desconhecem a magnitude desse risco, uma vez que mulheres infectadas também têm dado à luz crianças saudáveis.