SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dia após escrever um texto sobre a preocupação com a epidemia de zika no Brasil, o pivô espanhol Pau Gasol, que atua pelo Chicago Bullls na NBA, afirmou nesta segunda-feira (30) que está avaliando a possibilidade de não disputar a Olimpíada do Rio-2016 em razão do vírus.
“Estou avaliando, como qualquer pessoa. Acredito que é um assunto importante. Espero que os Comitês Olímpicos nacionais informem 100% da situação e riscos para os atletas, para que possam tomar uma decisão sobre assumir ou não este risco”, disse o jogador nesta segunda-feira (30).
“Estou acompanhando tudo. Tenho informação privilegiada pelos meus contatos com cientistas e pesquisadores dos Estados Unidos e Espanha e tento compartilhá-la com meus companheiros. Falei com muitos e sei que alguns estão pensando em ampliar a família e isto pode afetar seus planos de futuro”, acrescentou o atleta, que disputou a Olimpíada de Pequim-2008 e Londres-2012.
Em mensagem publicada no jornal “El País”, da Espanha, na véspera, o atleta disse que teme que o evento, inédito na América do Sul, seja inesquecível “pelos motivos errados”.
Ele afirma que seria “devastador” para um atleta de alto nível não participar da Olimpíada. “Mas com a saúde não se joga, e não falo apenas da saúde de cada atleta, mas também dos fãs, das famílias que iriam apoiar os atletas, das famílias que voltarão depois que a competição acabar, de seus futuros filhos ou filhas.”
Gasol comenta a posição de outros atletas, que já tornaram públicas o temor com o Rio de Janeiro: a goleira americana Hope Solo, que afirmou que não iria aos Jogos se eles acontecessem agora, e o golfista Marc Leishman, que já teve a mulher doente por zika e anunciou que não vai competir.
“E não são poucos, inclusive entre os meus companheiros de NBA, como Carmelo Anthony, ou a tenista Serena Williams.”
O atleta cita a carta assinada por 150 cientistas internacionais que recomenda o adiamento ou a mudança de local do evento. A possibilidade foi descartada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo Ministério da Saúde.
Na visão dele, é dado pouco destaque à doença em meios de comunicação e no debate público. “Sabemos muito pouco e não nos preocupamos o suficiente” com a doença, disse o espanhol.
Gasol reforça que são conhecidos os danos do vírus em fetos, mas “é a única coisa que a opinião pública sabe sobre ela”.
Ele também aponta a possibilidade de o infectado desenvolver a síndrome de Guillain-Barré, que provoca paralisia temporária e pode chegar a ser fatal, a falta de sintomas em algumas pessoas e a possibilidade de transmissão por relações sexuais.
“Estamos tomando todas as precauções que garantem a saúde e a segurança de fãs, esportistas e outros profissionais que viajarão ao Rio ou os interesses econômicos estão vindo antes da saúde de milhões de pessoas em todo o mundo?”, questionou.