MACHADO DA COSTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Apesar de prever mais um deficit nas contas públicas para 2017, a confiança na economia já está voltando, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O humor do empresariado e da população, para ele, são os principais problemas a serem enfrentados no momento e a sua retomada promoverá a volta dos crescimentos do PIB (Produto Interno Bruto), das receitas e da renda no país.
A confiança, diz, parte da publicação de estimativas realistas. “A nossa linha de ação, da mesma maneira como foi na apresentação do número do deficit primário de 2016 [de R$ 170 bilhões, é que tudo começa bem quando começa com realismo e a verdade”, afirma.
Assim, sem dizer números, o ministro adianta que a previsão para o resultado primário para 2017 deverá ser negativa, mais uma vez. “Esperar um superavit, depois de um deficit de R$ 170 bilhões, seria muito irrealista”, afirma.
O governo deve encaminhar a meta fiscal para 2017 ao Congresso no início da próxima semana. A previsão do resultado primário é definidora para a aprovação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que baliza o orçamento do próximo ano. Conforme informou a Folha de S.Paulo, o deficit pode superar R$ 100 bilhões.
“Quanto mais confiança a sociedade tiver no controle das contas públicas, mais credibilidade, mais a economia vai crescer, gerar emprego, renda. Assim, todo o ciclo de queda será revertido. Um dado que tenho acompanhado é a curva de confiança da economia, que vinha caindo nos últimos anos e produzindo um impacto direto. Estamos tendo uma reversão e isso mostra que estamos no caminho certo”, diz.
Na terça-feira (28), a FGV publicou uma alta em junho do Índice de Confiança da Indústria de 4,2 pontos. Agora, o indicador está em 83,4 pontos, o que ainda mostra pessimismo (a marca de 100 pontos separa o pessimismo do otimismo). Por outro lado, é o patamar mais alto do indicador desde fevereiro de 2015.
O anúncio de medidas positivas, para Meirelles, é um dos incentivadores dessa confiança. A publicação da meta fiscal de 2016, prevendo um rombo de R$ 170 bilhões nas contas públicas, as aprovações das reformas do setor de aviação civil e das estatais e o encaminhamento da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que limita os gastos públicos à inflação do ano anterior vão promover uma recuperação rápida do humor dos agentes econômicos brasileiros. E o governo está contando com novos anúncios para isso.
Na quinta-feira (30), também será apresentada a meta de inflação para 2018. Conforme a Folha informou, o governo estuda reduzir a meta de inflação para 4% ao ano para 2018. Atualmente, a meta de inflação é de 4,5% ao ano, com bandas de 2 pontos percentuais, para mais e para menos.
Meirelles evitou dar maiores detalhes sobre a nova meta de inflação, a ser publicada na reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional).
Por outro lado, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, aproveitou a deixa e afirmou que os índices de inflação devem ter uma trajetória benigna nos próximos meses. Ele afirma que o principal fator que levou ao aumento dos preços foi o choque tarifário, como o das contas de luz.
“Isso já passou, os índices de inflação vão cair. O mercado já está prevendo uma inflação futura menor, refletindo essa queda”, complementou.
Oliveira afirma que, um dos maiores vilões brasileiros em décadas passadas, as transações correntes com o exterior, devem ajudar o governo a ajustar suas contas.
“O setor externo, como um todo, já vem se ajustando e isso promove o reequilíbrio da economia. Saímos de um deficit de US$ 104 bilhões, em 2014, para um de US$ 60 bilhões em 2015. E vamos ter um deficit menor ainda em 2016. Mesmo com as turbulências internacionais, temos tido uma certa estabilidade do setor externo. Isso traz uma solidez da economia brasileira”, afirma.
O Banco Central prevê um deficit em transações correntes para este ano de US$ 15 bilhões. O principal motivo para a melhora do setor externo é a queda das importações, explicada pela recessão econômica vivenciada pelo país.