Fazer um intercâmbio é o objetivo de muitos alunos, principalmente no ensino superior. Isso porque a vida universitária é, em grande maioria, o último estágio entre a sala de aula e o mercado de trabalho. No cenário atual, de economia oscilante, ter um bom currículo é praticamente obrigatório para ingressar no cargo pretendido, já que a concorrência é cada vez maior.

Mas, além de questões de mercado, o aluno interessado no intercâmbio precisa saber se está pronto para essa nova etapa. O alerta é feito pelo gerente do mercado brasileiro pela Seda College, Mario Bortoletto, que há cinco trabalhando com o intercâmbio. Ele ressalta que a  decisão de passar uma temporada longe de casa, com outras culturas para aprender um novo idioma resulta em um turbilhão de emoções.

A ansiedade toma conta e não importa a idade, especialmente se for a primeira vez. O que o canditato ao intercâmbio não pode deixar de fazer, no entanto, é uma autoavaliação para saber se está preparado para isso, ou seja, se um intercâmbio é exatamente o que você quer e precisa nesse exato momento, diz.

Bortoletto desenvolveu diferentes técnicas de preparo dos futuros alunos da instituição para a experiência internacional. Graças a uma avaliação criteriosa antes do embarque e compra do curso, o índice de desistência dos intercambistas é praticamente nulo.

Segundo o professor Paulo Sandrini responsável pelo setor de Cooperação Internacional do UniBrasil Centro Universitário, conhecer outras culturas enriquece não só a experiência acadêmica, como também a vida pessoal do estudante.

Viver outras culturas é um desafio enriquecedor. Os alunos que ingressam em um intercâmbio conseguem aprender a trabalhar e estudar em ambientes diversos, experimentar outras políticas sociais e econômicas e, sobretudo, se tornam mais independentes e abertos à diversidade do mundo contemporâneo, explica.


DICAS PARA UM BOM INTERCÂMBIO

1 – Decida por você mesmo
A pressão dos familiares ou dos amigos não deve ser o motivo do seu intercâmbio. Embora aprender um novo idioma com nativos e conhecer outras culturas seja uma experiência diferenciada, só valerá a pena se você estiver decidido a encarar essa aventura com todos os desafios. Mario já encarou uma situação em que a mãe do intercambista era quem planejava a viagem dele, mas ao conversar com o futuro estudante, percebeu que ele não estava preparado. Após sugerir à família uma pesquisa detalhada sobre como é viver no exterior, a decisão final foi aguardar mais um tempo. Dois anos depois, já mais independente e decidido, esse mesmo jovem embarca para um intercâmbio na Irlanda em novembro.

2 – Faça mapeamento dos pontos fracos
É claro que sempre pode haver um imprevisto. No entanto, a maioria dos motivos de desistência podem ser evitados e trabalhados efetivamente desde o começo. O clima e a cultura costumam gerar grande impacto, por isso, tenha a certeza de que você consegue ser flexível. Esteja aberto ao novo e, se temperaturas baixas realmente não são seu estilo, evite destinos assim. A falta de amigos ou emprego também pode atrapalhar bastante. Portanto, pense em estratégias para reduzir riscos de fracassos nessas áreas. Envolva-se em atividades extras, trabalhos voluntários ou programas de estágios.

3 – Pesquise de novo
Pode parecer exagero, mas a falta de pesquisa ainda é muito comum entre intercambistas. Muitos desembarcam na Irlanda acreditando que chegaram ao Reino Unido. É preciso entender a diferença entre Irlanda (República da Irlanda) e Irlanda do Norte. Também deve-se ter atenção às informações repassadas por agências de viagens — muitas vendem o país como sendo um ótimo destino para conseguir emprego, já que a Irlanda permite que estudantes trabalhem. No entanto, verifique quais são as vagas mais comuns, o tempo médio que as pessoas precisam para conseguir uma oportunidade, qual o nível de fluência exigido para o idioma e a experiência necessária em cada oportunidade. Não crie expectativas, busque a realidade com base em depoimentos de diversos intercambistas que já estiveram nesse destino e diferentes fontes na Internet — sites de intercâmbio, de notícias locais e comunidades em redes sociais.

4 – Compreenda o que é um intercâmbio
É essencial que todo intercambista, antes de embarcar, entenda que o que está prestes a acontecer em sua vida não são férias de verão. Fazer um intercâmbio significa ter que se dedicar muito para aprender uma língua diferente da sua, fazer a experiência dar certo desde o começo e o alto investimento valer a pena. É importante ter a consciência de que você será responsável pelos seus atos e que nada acontecerá sem seu esforço. Com essa mentalidade, as chances do intercâmbio ser um sucesso crescem muito, reforça o gerente da Seda College.

5 – Prepare-se para o choque
Ter a consciência de que a sensação de independência que o intercâmbio costuma proporcionar vem com um preço faz toda a diferença. Logo nos primeiro dias, você viverá o choque do eu e o mundo. Mario explica que esse choque costuma ser muito mais forte para pessoas bastante ligadas às suas raízes no Brasil, mas que isso também pode acontecer com qualquer um. Lembro que no meu terceiro dia de Irlanda eu senti um desespero muito grande. Foi como cortar o cordão umbilical, tudo o que nos liga à segurança é rompido, conta ele que já foi intercambista. Nem todos conseguem encarar isso como uma coisa boa e, seguindo seus instintos, acabam retornando para onde se sente seguro. Venha para o intercâmbio sabendo que não vai ser fácil, mas que o gosto de cada vitória será ainda melhor, pois você será responsável por ela, finaliza.