Vivemos numa sociedade tão competitiva, que isso faz com que as pessoas tentem competir até mesmo nas tragédias. Verdade! Se alguém conta que está com dor de cabeça, o outro sempre tem uma dor mais aguda para comentar. Se alguém conta que bateu o carro, o outro sempre tem um acidente mais espetacular pra contar. Observe e veja se isso não é até engraçado.

Essa competitividade se manifesta também quando as pessoas priorizam o ‘ter’ em vez de o ‘ser’. Aparelhos de telefone celular, carros, acessórios, muitas vezes são objetos e competição de pessoas que querem demonstrar ser (ter) mais do que o outro. Ou, pior ainda, querem demonstrar ser (ter) mais do que realmente são (têm). Como diz um ditado popular, comem frango e arrotam faisão! São mais forma do que conteúdo.

Para sermos companhias agradáveis no nosso ambiente de trabalho, uma das características mais desejáveis e difíceis de desenvolvermos é a habilidade de saber ouvir. Quase todos nós somos péssimos ouvintes, porque essa mesma sociedade que nos impele a competir os força a falar o tempo todo, para impormos nossa presença. Convém uma autocrítica sincera para analisarmos até que ponto somos bons ouvintes. O grande Rubem Alves já alertava há anos que muitos procuram cursos de Oratória, mas ninguém estava à procura de cursos de Escutatória.

É uma habilidade a ser desenvolvida com treino. Quando alguém vier conversar, contar-lhe algo, volte-se inteiro para ouvir a pessoa. Largue o computador, olhe para o colega. Incentive-o a falar com a chamada escuta ativa – perguntas que motivam a pessoa a contar suas histórias e que demonstram interesse sincero no que ela tem a contar. Evite interromper para contar suas próprias histórias. Experimente ouvir! Você poderá se surpreender…

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.