SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Alemanha espera receber este ano até 300 mil solicitantes de asilo em seu território, informou neste domingo o Escritório Federal para os Migrantes e Refugiados (BAMF), ou seja, menos de um terço do total dos demandantes de asilo que chegaram em 2015. “Nós nos preparamos para a chegada de entre 250 mil e 300 mil solicitantes de asilo este ano”, declarou o presidente do BAMF, Frank-Juergen Weise, em uma entrevista ao jornal Bild am Sonntag. “Podemos assegurar serviços ótimos para até 300 mil. Se chegarem mais pessoas, estaremos sobre pressão e passaremos a uma situação de crise. Em qualquer caso, não viveremos as condições que conhecemos no ano passado”, completou. Em 2015, em torno de 1,1 milhão de refugiados chegaram à Alemanha, um recorde absoluto, submetendo a administração encarregada das solicitações de asilo a uma forte pressão e colocando em prova a chanceler Angela Merkel e seu governo de coalizão. O fechamento da rota dos Bálcãs e a assinatura de um controverso acordo entre a União Europeia (UE) e a Turquia em março, destinado a frear a travessia de pessoas desde a costa turca até as ilhas gregas —principais portas de entrada na UE—, conduziram à diminuição das chegadas de refugiados procedentes do Oriente Médio e do Afeganistão. O BAMF realizou avanços em matéria de registro de solicitações de asilo, segundo Frank-Juergen Weise, mas, provavelmente, não conseguirá examinar os 530 mil casos pendentes antes do final do ano. A integração dos migrantes autorizados a ficar no país ao mercado de trabalho será um processo “complicado e custoso”, segundo o funcionário, que, contudo, mostrou-se otimista em relação às perspectivas a longo prazo. “Podemos fazê-lo”, declarou. “Finalmente, conseguimos gerenciar muito bem o que ia mal no início desta crise [há um ano]. E a economia da Alemanha vai tão bem que, graças a Deus, poderemos assumir isto”, completou. Contudo, a opinião pública continua dividida a respeito da política migratória de Merkel. A chanceler, que abriu as fronteiras aos migrantes no início de setembro passado, endureceu desde então sua política, mas considera que a Alemanha é capaz de integrar as centenas de milhares de recém-chegados.