SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Turquia negou nesta quarta-feira (31) que tenha aceitado um cessar-fogo com rebeldes curdos no norte da Síria, onde Ancara realiza desde a semana passada uma ofensiva militar.
“A Turquia é um Estado soberano, um Estado legítimo. Sugerir que ela está no mesmo nível de uma organização terrorista e que há conversas entre eles, que um acordo entre eles foi atingido, é inaceitável”, afirmou o ministro turco de Relações com a União Europeia, Omer Celik.
O porta-voz do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também desmentiu o acordo informado nesta terça (30) por um funcionário do Comando Central dos Estados Unidos, que tentam frear o aumento da violência entre as forças turcas e a milícia curda YPG (Unidades de Proteção Popular) no norte sírio.
Ibrahim Kalin afirmou que a milícia curda seguirá como alvo da Turquia enquanto não retornar para leste do rio Eufrates. Recentemente, as forças curdas cruzaram o rio e avançaram para oeste, conseguindo retomar a cidade de Manbij dos terroristas da facção Estado Islâmico.
De acordo com o Pentágono, as forças turcas haviam se movido em direção ao oeste nesta terça, enquanto as forças curdas, para leste, o que foi encarado como o início de um cessar-fogo por Washington.
O primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim, afirmou nesta quarta que as operações militares no norte sírio “vão continuar até que todos os elementos terroristas sejam neutralizados, até que todas as ameaças a nossas fronteiras, nossos territórios e nossos cidadãos estejam acabadas”.
Ancara considera a milícia curda YPG um braço de outra milícia curda, o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), que vem intensificando os ataques com carros-bomba ao governo turco no sul e sudeste do país.
OFENSIVA
A ofensiva turca ajudou grupos opositores do ditador sírio Bashar al-Assad a retomar a cidade de Jarabulus, um dos últimos bastiões do Estado Islâmico.
Tanques da Turquia entraram no território sírio durante a operação, iniciada no último dia 24. As tropas tiveram apoio aéreo dos EUA.
Um dos objetivos turcos era abrir passagem a milícias que apoia na Síria contra o regime de Assad.
A Turquia tem, no entanto, outro objetivo na região. O governo, em embate com a população de etnia curda no sudeste de seu país, preocupa-se com os avanços de milícias curdas no norte da Síria. Os EUA apoiam os curdos na Síria, complicando o cenário.