Derrotar o Vitória com um gol do surpreendente Iago colocou o Coritiba pela segunda vez na história na fase internacional da Copa Sul-Americana. A outra vez havia sido em 2013, quando por coincidência também eliminara o mesmo time baiano. Então, ocupado com a briga contra o rebaixamento, parou no Itaguí, da Colombia, com duas derrotas. Perder Kléber logo a 10 minutos foi um susto para o torcedor coxa-branca; ganhar Iago, autor de dois gols de fora da área nos últimos jogos, é um alento. É mais um menino da base que sinaliza esperança. Iago se movimenta bem, procura o jogo e já mostrou que gosta de arriscar. Perfil promissor. Agora, novamente dividido com a briga contra a queda, o Coxa terá pela frente um argentino: Belgrano ou Estudiantes, que jogam em 15 de setembro. Torço para que seja o segundo. Apesar de ser o quarto colocado no último Argentinão, é uma camisa mais legal de se ver em Curitiba, uma equipe campeã da América. Algo para o torcedor se mobilizar, encher estádio, quiça – ou quizás – ir ao país vizinho curtir um tango, um assado e tomar um bom vinho. É o prazer de se jogar uma competição internacional, afinal.

Paraná ou Londrina: qual a terceira força no Estado?
De Londrina, recebo informações empolgadas de que repercute o fato da imprensa curitibana reconhecer no Tubarão a terceira força atual do estado, à frente do Paraná. Claro, o contrário é visto junto aos tricolores, revoltados com a comparação. Mais novo e mais vencedor nos seus primeiros anos, o Paraná foi não apenas a terceira, mas sim a primeira força paranaense nos anos 90, ao menos em campo. Fora dele a rivalidade Atletiba sempre comandou. A Velha Firma, como chamo, em referência a Celtic e Rangers, disputava o vice e os clássicos enquanto aplaudia o Tricolor. Mas isso passou. As más administrações quebraram o clube, que agora tenta se reerguer também com aporte empresarial e uma comunicação mais modernizada, com participação direta da torcida. Hoje, o Londrina é maior que o Paraná. Nos últimos 5 anos, o Tubarão foi campeão estadual e subiu duas divisões nacionais. Se organizou nas mãos de Sérgio Malucelli. Há quem chame o LEC de time de dono; a verdade é que na última boa temporada do Paraná, quem mandava no futebol era a LA Sports. Algo similar. A história dos dois é parecida: o LEC surgiu como Caçula Gigante, campeão estadual em 1962, ganhou o apelido de Tubarão ao chegar às semifinais do Brasileiro em 77 (feito anterior a Atlético e Coritiba), mas decaiu demais. Achou o rumo após anos de penúria. Mais do que negar a realidade, cabe ao Paraná achar também seu rumo e recuperar seu espaço.

FunCAP, algo a se pensar
Vi a movimentação atleticana em cima da FunCAP, com várias polêmicas em cima da fundação, a maior parte delas causada por conta da personalidade de Mário Petraglia, com seu estilo duro de negociar e dialogar. No fundo, estudando bem a proposta, as discussões parecem vazias e podem ser creditadas à desconfiança que muitos têm dos métodos do dirigente, que não gosta de se explicar por se sentir injustiçado quando questionado em seus métodos. Petraglia quer aclamação em suas ideias, não gosta do embate, acredita que pelo que fez – e não foi pouco – não deveria se explicar. Mas deve. Até por que nesse caso específico, a FunCAP soa muito mais como um instrumento político e não necessariamente de controle, mas sim de imagem. Muito ainda vai se falar sobre a fundação, mas recomendo que seja sem preconceitos e de maneira técnica.

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão