…e então Paulo André falou aos microfones das radios Transamérica e Banda B: Futebol é investimento. Não foge de ter elenco grande e numeroso. Tenho certeza que a folha do Atlético é uma das menores do campeonato. É isso faz a diferença nesse segundo turno.
Nada do que possa ser dito a seguir vai acrescentar muito ao debate: lá dentro do CT do Caju, sabe-se o erro. E o erro é, embora o cada vez mais figurativo presidente Luiz Sallim Emed negue, não priorizar o futebol. Em confrontos diretos no segundo turno o Atlético conheceu a realidade; agora, sem ataque, após mandar Walter sem muitas explicações para o Goiás, passará a pensar em não cair, acreditem. A gordura acumulada é pelo menos satisfatória para que se arrume cinco vitórias para evitar um desastre. Não cairá, a não ser na mediocridade de um nono lugar – e a Copa do Brasil já está comprometida.

Acessorios
Fui a fundo na FunCAP e parece uma boa ideia, talvez comprometida pela imagem que Mário Petraglia não tem o menor pudor em passar – e seus pares já não querem nem contestar: ele é assim. O Atlético é repleto de boas ideias, recebe elogios do Brasil todo por colocar jogadores da base para disputar um Brasileirão Série A. Para a crítica nacional não falta elogios à ousadia do Atlético Paranaense em apostar na base. Leva UFC e vôlei à Arena, é cogitado para organizar a NBA no Brasil. São ideias que merecem aplausos e ao mesmo tempo expõem uma verdade: futebol não é a prioridade de Petraglia, que se notabiliza pelos acessórios.

O que há de bom…
Sejamos objetivos: a defesa do Atlético é a melhor do Brasileiro. Quem entende de futebol sabe que a defesa passa pelos dois ótimos volantes Hernani e Otávio, pela dupla Paulo André e Thiago Heleno e pelo goleiro da Seleção, Weverton. Esse, como gosta de dizer Petraglia, bebeu água limpa. Dificilmente fica no clube por muito tempo. Hernani e Otávio são talentosas revelações e certamente terão propostas. Thiago Heleno é rodado, a nova versão de Luiz Alberto. Se reencontrou no Atlético. Seu contrato vai até dezembro e até agora ninguém o procurou para renovar. Paulo André falou o que pensa, e apesar de ser xodó do verdadeiro presidente atleticano, isso é sempre um perigo na Baixada. O que parece é que a exemplo de outros anos o clube deve se livrar do que funciona e reiniciar em 2017. Estamos longe de 17? Não para quem se planeja. Mas aí depende da prioridade.

Clássico na Série B
Paraná e Londrina farão no sábado o clássico paranaense na Série B. Clássico, sim. E esse rótulo só vai fortalecer os times. Primeiro, que há um certo desdém da capital para com o interior e vice-versa: londrinenses são mais ligados à São Paulo que à Curitiba, que por sua vez não dá trela para outras cidades. Depois, e mais importante, que Paraná e Londrina estão buscando o mesmo espaço. Se o Paraná foi o maior clube do estado nos anos 90, o Londrina foi o primeiro a chegar em uma semifinal de Brasileirão. Ambos tem mais de um título estadual (exceto os extintos, só Maringá tem mais de um), tem média de público similar, disputam uma vaga na elite nacional. Para o Paraná, pode parecer retrocesso se comparar ao Londrina. Não é. É um primeiro passo para viver a realidade, reconstruir o clube dos anos 2000. Hoje, o LEC é mais organizado. Para o Tubarão, viver esse clássico é mostrar que os paranaenses não se resumem a Curitiba. Que é possível ter futebol de alto nível no interior. Que vença o melhor – e que seja o crescimento de ambos.

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão