A epígrafe do novo livro de crônicas de Luís Henrique Pellanda, 43 anos, é uma citação do inglês Philip Marlowe: Parecia uma boa vizinhança onde se cultivar maus hábitos. A vizinhança é Curitiba, cidade do autor, e os maus hábitos colocam o cronista — referendado por nomes como Ignácio de Loyola Brandão, Humberto Werneck, Marcia Tiburi e Ivan Angelo — nas ruas da cidade com um olhar muito particular e agora mais experiente. Detetive à Deriva (que a Arquipélago lança hoje, em São Paulo) é o novo livro de crônicas do escritor. Antes, ele havia estreado na ficção em 2009, com O Macaco Ornamental (Bertrand), de contos.

Os textos de Detetive à Deriva revelam um observador profissional e quase obsessivo com o seu ambiente urbano — as ruas e praças servem de trampolim para olhares para a própria cidade, mas também para a família, para a política, para o amor, para a morte. “As melhores ruas têm entrelinhas largas. Os melhores livros têm esquinas generosas, vias que se bifurcam. A imagem do labirinto é cara tanto à cidade quanto à literatura”, diz o autor, a O Estado de S.Paulo.

A viagem particular que ele empreende por esse labirinto lhe rende adjetivações nada modestas de nomes destacados da literatura brasileira, ultrapassando a fronteira de Curitiba. “É isso (reinventar a crônica) que faz Luís Henrique Pellanda, com a facilidade de quem vai ali na esquina”, garante Alvaro Costa e Silva, o Marechal, na orelha do livro. “O grande cronista contemporâneo”, escreveu Marcia Tiburi.