MARCELO NINIO WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Assim como no Brasil, os Estados Unidos também contam com uma força policial especificamente destinada a proteger o Congresso federal. É a Polícia do Capitólio, criada há quase 200 anos e responsável pela segurança do Legislativo e uma ampla área em torno dele, que inclui a Casa Branca e ministérios. Com um efetivo de 2.300 policiais e um orçamento anual de US$ 375 milhões (R$ 1,18 bilhão), é maior que a polícia de cidades importantes como Atlanta, St. Louis, Nova Orleans e Denver.

Com o crescimento mais rápido entre as polícias do país, seu tamanho dobrou nos últimos 25 anos, levando a questionamentos de que os legisladores estariam sendo generosos em causa própria ao aprovar novas verbas para a Polícia do Capitólio, enquanto fecham o cofre para necessidades mais urgentes, como o combate ao vírus da zika. A

polícia legislativa americana também é alvo de críticas pela suposta falta de transparência em suas operações, que são fiscalizadas apenas por um pequeno grupo de parlamentares.

Para o próximo ano a força quer um aumento de 9% no orçamento, alegando uma maior preocupação com a ameaça terrorista. Em depoimento na Câmara e no Senado em março, o então chefe da Polícia do Capitólio, Kim C. Dine, justificou o pedido de mais dinheiro afirmando que a força era “essencialmente uma organização anti-terrorista” e por isso necessitava de mais pessoal e recursos para detectar a ameaça antes que ela chegue ao Congresso.

Os incidentes mais comuns, porém são de casos isolados. Em março, um homem foi baleado ao sacar uma arma na entrada de turistas do Capitólio, segundo informou a polícia. “Cada vez que há um incidente sério, isso rapidamente se torna uma oportunidade para que a polícia pressione por ainda mais [dinheiro]. E eles geralmente recebem, porque dificilmente o Congresso se interessa em fazer qualquer pergunta sobre as pessoas fardadas que fazem a sua segurança”, disse o ex-deputado e atual lobista James P. Moran ao jornal “Roll Call”, especializado em assuntos legislativos.

A intensa preocupação com a segurança também produziu casos em que a Polícia do Capitólio foi acusada de uso excessivo de força. Em 2013, agentes da polícia mataram a assistente de um consultório dentário Miriam Carey, 34, ao atirar 26 vezes contra o seu carro. Sua filha de um ano, que também estava no carro, escapou ilesa. A polícia alegou que ela havia ultrapassado duas barreiras de segurança da Casa Branca e que Carey tinha problemas mentais, o que foi contestado por sua família, num processo de US$ 150 milhões contra a polícia que está na Justiça.