No penúltimo debate antes do segundo turno da eleição para prefeito de Curitiba, os candidatos Ney Leprevost (PSD) e Rafael Greca (PMN) partiram para o tudo ou nada, deste domingo, na RIC TV, reproduzindo no confronto direto a intensa troca de ataques pessoais já veiculada no final de semana na propaganda eleitoral. Leprevost abriu o debate acusando Greca de promover a baixaria na reta final da campanha, que reagiu repetindo os questionamentos sobre a formação do adversário e sua atuação como deputado estadual. O candidato do PSD acusou Greca de mentir para conquistar o poder a qualquer custo, que devolveu afirmando que a trajetória política de Leprevost revela práticas da velha política que ele diz combater. 

Desde o início do debate, os dois candidatos mostraram que estavam preparados para a guerra de denúncias e desconstrução do adversário. Greca voltou a levantar suspeitas sobre o fato de Leprevost ter se formado em curso à distância da Universidade do Tocantins, perguntando a ele sobre a teoria de Taylor. O candidato do PSD rebateu acusando o adversário de ter sido funcionário fantasma do Senado no gabinete do senador Renan Calheiros (PMDB/AL).

O candidato Greca inaugurou a modalidade de servidor à distância, quando servia ao senador Renan Calheiros no Senado, disse. Você não é administrador coisa nenhuma. Mas é um aplicador da teoria de Taylor, porque se formou sem estudar, devolveu Greca.

O candidato do PSD perguntou então ao adversário sobre a teoria econômica de Adam Smith. Greca respondeu dizendo que aplicará o capitalismo na sua administração. Eu não vou deixar as teorias velhas do muro de Berlim que caiu do partido que o apoia entrar na prefeitura, respondeu Greca, em referência à participação do PC do B na coligação de Leprevost. Em resposta, o candidato do PSD lembrou que o adversário tem o apoio do PSDB do governador Beto Richa, e se dizendo um político de centro.

Depois que Leprevost reafirmou a intenção de cortar 40% dos cargos comissionados da prefeitura, Greca reagiu afirmando que ele manteve os comissionados em seu gabinete na Assembleia e gastou R$ 500 mil com combustíveis. Isso não é a nova política, é a velha política. Você é muito mais velho que eu, disse ele. Leprevost acusou Greca de mentir e distorcer as informações. O senhor mais uma vez mostra que é desinformado, mentiroso, não tem caráter para ser prefeito de Curitiba, rebateu o candidato do PMN.


Terreno e obras

Outros dois temas foram objeto de troca de acusações na propaganda eleitoral e acabaram sendo repetidos no debate entre Rafael Greca (PMN) e Ney Leprevost (PSD). Greca voltou a questionar a atuação do adversário e seu irmão, João Guilherme Leprevost, em operação envolvendo terreno do governo do Estado doado ao Instituto Paranaense de Cegos. Leprevost rebateu lembrando que Greca é acusado de ter se apropriado de obras históricas da prefeitura de Curitiba.

Meu irmão não é candidato a nada. Nunca ocupou cargo público. Está ajudando o instituto paranaense dos cegos, disse Leprevost. Eu não vejo nenhuma espiritualidade de se apropriar de um terreno que vale R$ 40 milhões que foi destinado ao instituto dos cegos, ironizou Greca.

Eu não sou como o senhor. Eu não desvio bens públicos para levar para dentro de uma chácara, reagiu Leprevost em referência às obras municipais que estariam em poder do adversário. Eu pedi uma perícia do Ministério Público, alegou Greca.

Greca perguntou sobre as ocupações de escolas, dizendo que um aliado de Leprevost atuava no movimento dos estudantes. Leprevost disse que a pessoa em questão teria trabalhado em sua campanha como contratado, e não como militante e defendeu o fim das ocupações.


Segundo bloco

No segundo bloco do debate, questionado sobre a questão do trânsito, Leprevost acusou Greca de ter relação com as empresas de ônibus e de fazer campanha usando a estrutura do governo do Estado para atacá-lo. Em trinta anos de vida pública, nunca tive nenhuma condenação, respondeu o candidato do PMN. Ele tem quinze processos na Justiça que já transitaram contra ele, reagiu Leprevost. Quem vai dizer se o senhor tem ou não compromisso (com as empresas de ônibus), no futuro, é o Ministério Público, disse o candidato do PSD. Greca alegou ter sido perseguido quando foi ministro, por isso as ações na Justiça.

Terceiro bloco

Mesmo no terceiro bloco, reservado para as despedidas finais, os dois candidatos a prefeito de Curitiba mantiveram a política de partir para o ataque. Leprevost abriu sua fala, afirmando que ao contrário do que alegou, Greca já foi condenado pela Justiça. Inclusive ficou inelegível, disse Leprevost, que pediu ao eleitor atenção às redes sociais da internet na reta final da campanha. A velha politica não quer que eu seja prefeito porque eu vou abrir a caixa preta do tranporte coletivo, vou combater a indústria da multa, e muitos outros grupos, explicou.

Mais comedido, Greca pediu voto para que Curitiba volte a ousar. Vamos combater a preguiça, acordar cedo, trabalhar duro, vamos fazer direito o ofício de ser prefeito, defendeu.


FRASES

O senhor não é administrador coisa nenhuma. Mas é um aplicador da teoria de Taylor, porque se formou sem estudar

Eu não vejo nenhuma espiritualidade de se apropriar de um terreno que vale R$ 40 milhões que foi destinado ao instituto dos cegos.

Do candidato do PMN, Rafael Greca

O candidato Greca inaugurou a modalidade de servidor à distância, quando servia ao senador Renan Calheiros no Senado.

Eu não sou como o senhor. Eu não desvio bens públicos para levar para dentro de uma chácara.

Do candidato do PSD, Ney Leprevost