PAULO GAMA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em defesa do presidente Michel Temer, deputados do PMDB abandonaram o colega de bancada Rodrigo Rocha Loures (PR) e disseram que ele deve explicar sozinho o recebimento de uma mala em que, segundo delações da JBS, havia R$ 500 mil em propina.
Rocha Loures aparece citado por Temer como seu homem de confiança e com quem Joesley Batista poderia tratar “tudo”. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente tentou se distanciar do deputado e disse que ele “certamente foi seduzido por ofertas mirabolantes e irreais”.
“Ele caiu no conto do bilhão”, diz o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que participa de reuniões com Temer desde que as gravações foram reveladas e fez parte de sua defesa no conselho da OAB.
“Ele que dê as explicações dele. Não é uma questão de governo. Ele tinha a confiança do presidente, é verdade, mas fraquejou.”
Um dos deputados mais próximos de Temer, o líder Baleia Rossi (SP) diz que Rocha Loures não teve contato nenhum com a bancada desde que as fitas foram reveladas. “É uma questão pessoal e cabe a ele esclarecer.”
Líder da maioria na Câmara, Lelo Coimbra (ES) diz que Temer já esclareceu o que precisava sobre o episódio e que, agora, “quem tem de dar resposta é ele, o Loures”.
“Ele sempre foi figura das sombras, sem expressão. É um cara que ficou sem mandato e encostou no Temer. De qualquer forma, tem explicação a dar. Eu não sei o que vai fazer da vida, ficou sozinho no meio da sala.”
“Está claro que foi armadilha e está claro que não foi com consentimento do presidente. Temer já explicou corretamente, agora tem de ouvir do Rodrigo o que ele fez”, afirma o maranhense Hildo Rocha, próximo do ex-presidente José Sarney.
Rocha Loures foi assessor pessoal de Temer desde que o peemedebista assumiu o Planalto -já trabalhava com ele na Vice-Presidência.
No governo, há a expectativa de que ele admita ter recebido a mala por conta própria e diga que tinha interesse pessoal na aproximação com o grupo JBS, por sua família ter negócios na área da indústria alimentícia.
Nas gravações, o deputado se encontra em uma pizzaria com Ricardo Saud, lobista e delator do frigorífico, para pegar o dinheiro.
Segundo o Ministério Público Federal, o pagamento era por uma ajuda prometida pelo deputado para defender os interesses da empresa no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Rocha Loures não se manifestou sobre o ocorrido desde que ele veio à tona, na quarta-feira (17). Em Nova York, onde participou de eventos ao lado de João Doria e Geraldo Alckmin. Lá, disse que falaria apenas no Brasil, quando se inteirasse dos acontecimentos.
Nesta segunda-feira (222), segundo assessores, ele continuava conversando com sua defesa e se manifestaria “em momento adequado”.