O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) informa que a instalação de câmeras nos veículos do transporte coletivo da Grande Curitiba será o tema principal da próxima reunião do Comitê de Segurança no Transporte Coletivo, no dia 17 de agosto.
Para isso, o Setransp está organizando um completo levantamento sobre o assunto, com apoio da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). O objetivo é avaliar como a medida tem sido adotada em outras cidades do país.
Um dos exemplos está bem perto. Em São José dos Pinhais, a Viação São José, que opera linhas municipais e metropolitanas, tem instalado câmeras nos veículos desde 2011. Desde aquele ano, o número de roubos, furtos e arrastões vem caindo ano a ano.
Segundo dados da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) da empresa, a instalação dos equipamento de vigilância reduziu o número médio de ocorrências policiais de 40 por mês, em 2011, para média de duas, em 2017. A redução foi gradual, mas efetiva, afirma Pico Pereira, integrante da Cipa há 17 anos.
Mas além dos equipamentos, a empresa diz que outras medidas conjuntas auxiliaram para a redução de ocorrências, entre elas a aproximação com o trabalho da Polícia e da Guarda Municipal, além da redução na circulação de dinheiro em espécie com o uso dos cartões transporte.
“A redução está ligada a um conjunto de medidas implantado, como a aproximação com a Polícia Militar e a Guarda Municipal por meio de um protocolo de ações, o detalhamento cada vez mais minucioso dos atos de violência, com registros de boletins de ocorrência, para ajudar na captura dos criminosos e a redução da circulação de dinheiro dentro dos coletivos com o aumento do uso do cartão transporte”, adianta um comunicado da Setransp.
Na Auto Viação São José, são 35 câmeras instaladas. A Auto Viação São José foi a responsável por todo o financiamento da instalação, e criou também um departamento interno para fazer o monitoramento com transmissão das imagens. Hoje, quando acontecem as ocorrências policiais, as imagens vão imediatamente para investigação da Polícia Civil. Já ocorreram várias situações de capturar marginais com o sistema, ajudando na solução do crime, conta Pereira.

Lei de Curitiba nunca entrou em vigor

Desde 2011, Curitiba também tem lei municipal (nº 13.885/2011) que exige a instalação de câmeras de segurança dentro dos veículos, segundo o Sindicatos dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região (Sindimoc). Seis anos atrás, o impasse ficou em torno da responsabilidade de quem bancaria o custeio das câmeras: o poder público ou as empresas de transporte. Agora, com a situação chegando no nível que está, sentimos que podemos sair desse impasse e chegar a uma solução, de modo que as câmeras sejam instaladas, avalia Teixeira.

Morte de motorista evidenciou problema

A exigência da instalação de câmeras nos ônibus da Grande Curitiba para tentar reduzir a violência foi reforçada depois da morte de um motorista da Linha Jardim Paulista/Curitiba, no mês passado. O crime aconteceu num sábado à noite, dia 22 de julho, próximo ao bairro Zumbi dos Palmares, em Colombo. No último fim de semana mais um caso. Um motorista a Linha Piraquara/Curitiba foi agredido na cabeça com uma faca durante um arrastão. O motorista foi socorrido e passa bem.

Monitoramento por vídeo começou em 2011

A instalação das câmeras começou nos ônibus ligeirinhos que iam para o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em 2011. Em 2012, a Lei Municipal de SJP nº 1.975/2012 impulsionou a colocação do equipamento de vigilância dentro de todos os veículos de transporte coletivo. Hoje, praticamente todas as linhas da empresa contam com os ônibus. De lá para cá, o número de crimes como assaltos e arrastões diminuiu em 95%, chegando em alguns meses a zero naslinhas operadas pela Viação São José.