A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva requereu nesta quinta-feira (17) ao juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, suspensão do novo interrogatório do ex-presidente, marcado para 13 de setembro, no processo em que o petista é acusado de corrupção passiva por propinas da empreiteira Odebrecht para compra de terreno supostamente destinado à construção de uma futura sede do Instituto Lula.
Na mesma petição, os advogados pediram ao magistrado que determine ao Ministério Público Federal a apresentação de todas as correspondências trocadas com o Ministério Público da Suíça sobre o sistema “My Web Day” – exibindo, inclusive, a via eletrônica dos documentos para que sejam submetidos à perícia.
Segundo os advogados de Lula, a força-tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato informou que não teve acesso à “cópia integral” do sistema, embora um delator da Odebrecht tivesse declarado “estar na posse da chave correspondente”. A defesa do ex-presidente alega que o colaborador se “retratou” dessa afirmação, cinco dias após ter requerido o acesso ao “My Web Day”.
Ao requerer a suspensão dos interrogatórios marcados para setembro, inclusive o de Lula, a defesa argumentou necessidade de submeter ao contraditório papéis que foram juntados no dia 3 de agosto pelo Ministério Público, “após a realização de 34 audiências e a oitiva de 97 testemunhas”.
“O Ministério Público Federal promoveu a juntada tardia de papéis ao processo, impedindo que a defesa pudesse indagar às testemunhas sobre esse material”, afirmam os advogados. “Há necessidade de dar oportunidade para que as testemunhas indicadas pela defesa sejam reinquiridas. A juntada desses papéis também não foi acompanhada de qualquer indicação de origem e devem ser objeto de uma perícia.”
Aparato – O primeiro depoimento de Lula a Moro, em 10 de maio, em Curitiba, mobilizou uma operação de guerra para garantir a segurança e evitar confrontos entre os manifestantes pró e contra o petista. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública, 1.700 policiais militares, além de 250 guardas municipais e outros 250 agentes de trânsito foram destacados para a operação, que custou R$ 150 mil aos cofres públicos, sendo R$ 110 mil com o aparato da PM, mais R$ 40 mil com os custos de patrulhamento aéreo com helicópteros.
As ruas do bairro do Ahú, onde fica a sede da Justiça Federal, foram bloqueadas a uma distância de 150 metros do local, e só moradores, comerciantes ou trabalhadores cadastrados puderam acessar a região durante o dia. A operação contou ainda com atiradores de elite e veículos blindados.
Vídeo – No mês passado, Moro cogitou dispensar Lula de voltar à Capital paranaense, se dispondo a ouvi-lo por videoconferência. Ao intimar o ex-presidente, o juiz alegou que um novo depoimento presencial na sede da Justiça Federal na Capital paranaense poderiam trazer gastos indesejáveis de recursos públicos com medidas de segurança”. Por isso, deixou a cargo da defesa do petista a decisão, abrindo a possibilidade de que o ex-presidente preste o depoimento à distância, sem precisar se deslocar a Curitiba novamente. No entanto, os advogados de Lula não concordaram e solicitaram a audiência presencial.