ITALO NOGUEIRA E SÉRGIO RANGEL
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A CBF divulgou nesta sexta-feira (1°) as regras para a disputa dos direitos de transmissão da seleção até a Copa de 2022, incluindo partidas amistosas e das eliminatórias disputadas no Brasil. É a primeira vez que as regras da disputa se tornam públicas.
A entidade planeja arrecadar mais de R$ 466 milhões com a venda do pacote de 37 jogos.
A CBF estipulou como lance mínimo US$ 3,5 milhões (R$ 11 mi) por jogo para os interessados em transmitir em todas as plataformas (TV aberta, fechada e na internet), e US$ 500 mil (R$ 1,57 milhões) por partida para quem for transmitir apenas em dispositivos digitais.
O valor de US$ 4 milhões (R$ 12,6 milhões) por partida que a CBF pretende arrecadar é o dobro dos US$ 2 milhões (R$ 6,3 mi) cobrados no contrato atual com a TV Globo pelos direitos dos amistosos da seleção.
A estimativa é que sejam realizadas 37 partidas no período, sendo as duas primeiras já em novembro, quando o time nacional fará dois amistosos na Europa.
O prazo para envio das ofertas é 19 de setembro.
GLOBO
A reportagem apurou que o modelo escolhido agrada à TV Globo, que temia por disputas diferentes para as TVs abertas e fechadas. A emissora perdeu o direito de alguns clubes brasileiros para o Esporte Interativo com vendas segmentadas. Times como Internacional e Palmeiras fecharam acordo para o Nacional com a emissora do grupo Turner, dos EUA, em detrimento do SporTV, canal fechado do Grupo Globo.
As regras da CBF permitem ofertas conjuntas de diferentes emissoras de TV aberta e fechada. Há a possibilidade de uma emissora de TV aberta se associar com uma de TV fechada e oficializarem uma oferta.
“É bom lembrar que TVs abertas e fechadas competem entre si. Se dividir os pacotes [ofertas] em abertas e fechadas na verdade perde parte da exclusividade que estamos oferecendo”, disse Patrick Murphy, CEO da Synergy Football, contratada para organizar a venda dos direitos de transmissão.
A disputa também permite o sublicenciamento, o que abre espaço para empresas de marketing esportivo comprarem o direito e revenderem para outras emissoras. Será exigido, nesse caso, um plano que garanta a transmissão das partidas.
O valor cobrado é maior do que o que provocou o impasse no amistoso entre Brasil e Colômbia, em janeiro. A CBF pediu R$ 6 milhões pelo direito de transmissão, o que não foi aceito.
Para formatar o novo modelo, a CBF contratou a agência Synergy Football, que tem sede na Suíça. A empresa de marketing já trabalhou para a Uefa (entidade que controla o futebol na Europa).
Até o ano passado, a Globo transmitia com exclusividade os amistosos da seleção. A emissora também tem os direitos desta edição das eliminatórias, que se encerra no próximo mês.
Em junho, a CBF não chegou a um acordo com a Globo para os dois amistosos disputados na Oceania e produziu e transmitiu as partidas.
Nos canais abertos, a CBF comprou horário na TV Brasil e na TV Cultura. Pelé foi o comentarista dos dois jogos. Representantes dos principais canais já se reuniram com executivos da Synergy para conhecer detalhes do projeto.
A CBF decidiu licitar os direitos da seleção depois de protagonizar o maior escândalo de corrupção do futebol mundial.
Em 2015, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e dois ex-presidente,José Maria Marin e Ricardo Teixeira, foram acusados pelo FBI de se beneficiarem de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no país e no exterior. Desde então, Marincumpre prisão domiciliar nos EUA.