PAULO ROBERTO CONDE, ENVIADO ESPECIAL* BRISTOL, EUA (FOLHAPRESS) – A situação delicada da Argentina nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia, em 2018, não surpreende um dos maiores jogadores da história do país. Campeão mundial e artilheiro da Copa de 1978, Mario Kempes, 63, vê a quinta posição no qualificatório para 2018 -posição que lhe daria apenas vaga na repescagem mundial- como resultado de um time que virou um “grupo de amigos” e não uma das equipes mais respeitadas do futebol internacional.

“Os jogadores estão há tanto tempo que faz com que essa seleção seja um grupo de amigos e não a equipe nacional. É um grande grupo de amigos, e isso não é bom. Assim não se consegue nada”, disse à reportagem o ex-atacante, atualmente comentarista dos canais “ESPN”, na sede da empresa antes do duelo contra os uruguaios.

“É preciso sangue novo e novos jogadores, não importando que seja o melhor. Espero que [o atual técnico, Jorge] Sampaoli acerte isso e mostre que para estar na seleção é preciso mostrar sempre.” Na quinta-feira (31), a Argentina empatou em 0 a 0 com o Uruguai, em Montevidéu, e foi a 23 pontos nas eliminatórias, 13 a menos do que o líder Brasil. Colômbia, Uruguai e Chile, pela ordem, estão à frente dos bicampeões mundiais (1978 e 1986).

Kempes exime Sampaoli de culpa e diz que seu trabalho ainda vai demorar um tempo para se ajustar. Ele, porém, não poupou críticas aos antecessores. Afirmou que, com Edgardo Bauza, a Argentina viveu um período aflitivo, no qual a única tática era entregar a bola a Messi. “Era passar para ele e esperar que produzisse alguma coisa.” Na visão do ex-atacante, Sampaoli tem tentado trocar as peças e tirar os principais jogadores da zona de conforto.

“A Argentina é potente, mas tem que demonstrar isso. A chegada de Sampaoli foi importante, porque, com exceção de Di María e Romero, ele pôs peças novas. A troca de treinador foi importante”, disse Kempes. Nos últimos três anos, a Argentina chegou à final da Copa do Mundo de 2014 e às decisões da Copa América em 2015 e 2016, mas perdeu todas.

Após o revés para o Chile no torneio continental em 2016, Messi chegou a dizer que abandonaria a seleção nacional, depois voltou atrás. Apesar da desconfiança, Kempes afirma que espera uma classificação da equipe para o Mundial da Rússia. Tudo passa por um bom resultado nesta terça-feira (5), contra a Venezuela, pela 16ª rodada das eliminatórias. A partida acontecerá às 20h30 (de Brasília), em Buenos Aires.

* O jornalista PAULO ROBERTO CONDE viajou a convite da “ESPN”