TALITA FERNANDES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Depois de novo impasse sobre o futuro político de Aécio Neves (PSDB-MG), o presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE), viajou a São Paulo na manhã desta quinta-feira (19), onde vai consultar o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o tema.
O senador vai apresentar o clima discutido em reunião da bancada do PSDB do Senado na noite de quarta-feira (18).
Predomina entre os tucanos o sentimento de que a permanência de Aécio como presidente do partido, ainda que sob a condição de licenciado, prejudica a imagem do PSDB em relação às eleições de 2018.
Senadores disseram já ter feito um “sacrifício” ao votar publicamente a favor de devolver o mandato a Aécio. Eles esperam agora um gesto de retribuição dele, de espontaneamente renunciar à presidência do PSDB e abrir espaço para escolha de uma nova executiva nacional.
Na terça, por 44 votos favoráveis contra 26, o Senado derrubou duas cautelares que haviam sido impostas a Aécio pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no fim de setembro. Ele estava proibido de exercer o mandato e de deixar sua residência no período da noite.
Tasso reuniu na noite de quarta os senadores tucanos que estavam em Brasília, incluindo Aécio, que havia voltado horas antes ao Congresso após 21 dias de afastamento do mandato.
O encontro foi marcado por clima de tensão. De acordo com relato feito à Folha, Aécio fez um apelo “emotivo” e disse estar se sentido “expulso” devido às declarações dadas por seus colegas à imprensa.
Incomodou muito o senador mineiro a fala na quarta de Tasso, que afirmou que Aécio “não tem condições” de permanecer como presidente do partido. Em resposta, ele deu uma declaração dizendo que “não trata de questões partidárias pela imprensa”.
Para o mineiro, o tema não precisava ter sido exposto publicamente. Ele alegou que isso prejudicou que ele tomasse por si só a decisão de renúncia.
Ainda no encontro, segundo presentes, ele pediu até a próxima terça-feira para apresentar uma solução à bancada.
Acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça, Aécio está licenciado da presidência do partido desde maio deste ano, quando foi afastado pela primeira vez do mandato pelo STF .
Em março, ele foi gravado pelo empresário e delator Joesley Batista, da JBS, a quem pediu R$ 2 milhões. O tucano nega as acusações e se diz vítima de uma “trama ardilosa”.