Idas e vindas da clínica veterinária nos últimos três anos. Sempre que estive com meu querido amigo que herdou o chow chow do pai, ficava sabendo do histórico médico do Chambo que insistia em permanecer vivo após os mais de dez anos. Digo assim porque é quase impossível imaginar um animal com crises constantes de epilepsia, convulsões, internações longas e o retorno para casa.

Ele permanecia firme e forte. Mesmo com a dificuldades de tomar remédios e a falta de apetite. Uma luta assumida pelo outro irmão, que dividiu esta herança nos cuidados com o cachorro. E o bichinho lá ultrapassando gerações. Já acostumado às brincadeiras do neto Giuliano, com seus três anos.

Ah, ultimamente, por causa dos medicamentos o chow chow andava com a libido em alta. Até na minha perna andou se agarrando…. Tudo bem. Não é qualquer um com língua azul que anda querendo me agarrar por ai!

E em uma bela tarde de sábado, lembro de perguntar ao meu amigo como estava o chow chow. Quando ele me surpreendeu com a notícia que ele não havia resistido depois de mais uma internação. E seus olhos se encheram d´agua. E eu na hora só soube dizer que ele tinha recebido todos os cuidados para viver bem, todo o carinho e blá blá blá.

Mas faltou o abraço. Aquele abraço no dia em que o chow chow partiu. Aquele abraço de quem entende a dor do outro. De quem ama os animais e não faz julgamentos. Que entende a importância deste bichos na nossa vida.

O abraço que dei em uma amiga quando a cocker dela morreu e me fez sair correndo do trabalho para encontrá-la, tentar confortá-la de alguma forma. O mesmo que uma querida amiga fez quando tive a notícia que após dois meses de internação, a minha avó não havia resistido. E lá estava ela na porta do hospital. E me recebeu com um abraço.

E pensei, e depois de uns 10 anos – se tudo der certo – quando a minha pequena se for quem vai me abraçar e entender a minha dor? Lembrei da amiga do cocker, do amigo do chow chow e da amiga que me confortou na perda da minha avó. Algum deles deverá estar por perto. Eu espero. Pra dar aquele abraço, me segurar e até enxugar algumas lágrimas.