“Não me sinto parte desta cidade modelo que dizem que é Curitiba. Isso é uma baita propaganda que não condiz com a realidade que vivemos”. O relato é de Tiago Roberto, 22 anos, morador da Vila 29 de Outubro, localizada próxima do bairro Caximba, em Curitiba. Há um ano no local, Tiago vive na vila que abriga 300 famílias, sendo 452 adultos e 251 crianças. Lá não é possível contar com rede de esgoto, água encanada e a luz, apenas puxando a fiação elétrica — os famosos “gatos”. O ponto mais acessível para se utilizar o transporte público fica a três quilômetros e, por isso mesmo, o perigo de violência, especialmente estupros, é eminente.
A situação de Tiago é a mesma de muitas famílias em Curitiba. Segundo dados de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital do Paraná é a 5ª cidade brasileira com o maior número de favelas. Ao todo, são 122. São Paulo (612), Rio de Janeiro (513), Fortaleza (157) e Guarulhos (136) estavam na frente de Curitiba na época do estudo. No início de 2012 um novo panorama será divulgado pelo órgão com base no Censo 2010.
Entretanto, as expectativas de melhora nestes números são baixas. As favelas há anos são partes integrais do sistema urbano do Brasil. O crescimento das cidades brasileiras foi acompanhado pelo surgimento e aumento da população favelada. Em algumas cidades, a parcela da população que vive em favelas passa dos 20%.
Um estudo americano intitulado de analisa o crescimento das favelas de 1980 a 2000.  A conclusão a que se chegou é que em 1980, pouco mais de dois milhões de pessoas viviam em favelas no Brasil, enquanto que, em 2000, esse número passou para quase seis milhões, aumento de 200%. O número de habitações classificadas como favelas saiu de 480 mil em 1980 para 1,5 milhões em 2000.

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