ricardo arruda Foto: Pedro Oliveira/Alep

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa escolheu hoje o deputado Ricardo Arruda (PSC) para ser o relator do caso envolvendo o deputado Nelson Justus (DEM), denunciado pelo Ministério Público à Justiça sob a acusação de comandar um esquema de desvio de salários de funcionários “fantasmas” quando presidiu a Casa, entre 2007 e 2010. Arruda também é corregedor da Assembleia.

O relator afirmou que vai analisar as denúncias com a ajuda de advogados, já que o processo tem cerca de 43 mil páginas. O conselho também determinou que Justus seja notificado para apresentar sua defesa no prazo de cinco sessões plenárias.

O deputado do DEM foi denunciado pelo MP à Justiça em fevereiro junto com mais 31 pessoas por crimes de quadrilha, peculato-desvio, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

A denúncia é baseada na série de reportagens da Gazeta do Povo sobre o caso dos “Diários Secretos”. Segundo a acusação, o deputado do DEM teria transformado o gabinete da presidência da Assembleia em “máquina político-eleitoreira”, entre os anos de 2007 e 2010. A denúncia envolve ainda 31 funcionários ligados ao gabinete de Justus pelos crimes de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

“Mediante o inchaço da estrutura de cargos comissionados na Presidência da Alep, agindo sempre dolosamente em detrimento do interesse e dos cofres públicos, transformando, como destacado, o corpo funcional da Presidência da Assembleia Legislativa do Paraná numa máquina político-eleitoreira que atuou ao longo de quatro anos”, diz trecho da denúncia.

Segundo a denúncia, quando assumiu a presidência, em 2007, Justus dispunha de 21 servidores no gabinete. Desde então, até abril de 2010, foram nomeados 345 funcionários comissionados no gabinete, que poderia contar com até 18. Segundo o MP, o deputado “inchou criminosamente” a estrutura. Os gastos mensais com funcionários passaram de R$ 83 mil para R$ 1 milhão. A denúncia traz ainda a acusação de que, em dias de pagamento de salário, dezenas de saques e descontos das contas dos comissionados fantasmas eram feitos por uma só pessoa, na boca do caixa da agência bancária que funciona dentro da Assembleia.