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Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

Oito vereadores formalizaram, na quarta-feira, a composição da bancada de oposição ao prefeito Rafael Greca (PMN) na Câmara Municipal de Curitiba. O grupo é formado por cinco parlamentares do PDT – partido do ex-prefeito Gustavo Fruet – dois do PMDB e uma do PT. A liderança será de Goura (PDT), enquanto Professora Josete (PT) e Noemia Rocha (PMDB) são, respectivamente, a primeira e a segunda vice-líderes. Na outra ponta, na bancada de apoio ao prefeito na Casa, o líder é Pier Petruzziello (PTB), com Sabino Picolo (DEM) e Colpani (PSB) na primeira e na segunda vice-lideranças.

“O senso comum diz que vivemos uma crise. Crise econômica, crise social, crise política. E por que vivemos também nesta Casa uma crise? Fomos colocados nesta situação por inércia nossa? Fomos sim, e fomos atropelados pelas urgências, e não é um trocadilho. Já alertamos aqui, desta tribuna, às consequências desse destempero”, declarou Goura. “Há um impasse entre os interesses imediatos do Poder Executivo e os interesses dos cidadãos, da cidade e o bem comum. É isso que coloca o Legislativo Municipal em crise. É uma crise de legitimidade”, defendeu.

O líder da oposição afirmou que a Casa está “cotidianamente abrindo mão de prerrogativas fundamentais deste poder, principalmente a independência e a autonomia”. “Por isso, é também uma crise de representatividade. Representamos o prefeito e seus interesses ou representamos o povo, o cidadão que nos elegeu por meio do voto?”, apontou. Goura leu as atribuições da Câmara, descritas no artigo 4º do Regimento Interno (legislativa, de fiscalização, de controle externo, de assessoramento e julgadora) e defendeu a autonomia do Legislativo.

Noemia Rocha argumentou que os vereadores precisam “discutir ideias, e não pessoas”, e que a função do gestor é “pensar na cidade, não em picuinhas”. “Eu estou sendo bem atendida (pelo Executivo)”, afirmou, “porque nunca precisei de cargo, ajuda pessoal. Sempre fui bem atendida para a comunidade para a qual represento”, sustentou a vice-líder.

“É importante fazer o contraponto na fala do vereador Goura. A oposição é importante. De maneira respeitosa, esse debate é importante, acrescenta. A única coisa que eu faço um contraponto no discurso, Goura, é na tentativa sempre de mostrar que os vereadores (da base) são essa massa de manobra”, rebateu Petruzziello. “Valorizo muito a oposição, acho que oposição tem papel fundamental, mas vou sempre criticar quando tentar desqualificar a base.”

O líder da maioria argumentou que “quando você faz parte de um governo, a oportunidade de debater é muito maior. Fiz isso com o Gustavo Fruet milhares de vezes, de dizer ‘talvez agora não seja a hora de apresentar isso’”. Ele completou que “a grande virtude de uma base é mostrar o que está sendo feito errado no governo internamente”, comparando ao pai que chama a atenção do filho em casa, antes dele ir para a escola. “O secretário (Luiz Fernando) Jamur (do Governo Municipal) tem telefonado à base para debater diversos temas da cidade. Se a prefeitura for mal, a cidade vai mal, o povo vai sofrer. Meu respeito também aos vereadores do PSD, que são independentes.”

Líder do bloco formado pelos partidos PPS, Pros, PRP, PRB, PSDC e PTB, Helio Wirbiski (PPS) disse “lamentar” o discurso de Goura: “Tenho muito respeito ao vereador Goura, e nós trabalhamos em conjunto em vários temas coletivos da cidade, mas para mim não serve o que o senhor acabou de dizer. Eu não preciso de manual para trabalhar politicamente correto dentro da política. Venho aqui e tento fazer um mandato o mais transparente, mais claro e dedicado ao bem comum”.

Wirbiski continuou que é autor de leis como a que regulamentou na cidade os food trucks e que o único veto derrubado na legislatura passada foi de um projeto de sua iniciativa. “Para isso precisamos ter um pouco de articulação, respeitar o bem comum”, justificou. “O papel principal da oposição é fiscalizar, louvo o papel da oposição aqui. Agora, para mim não serve o que o senhor disse aqui. Os vereadores, mais humildes, mais preparados ou não, todos representam algum segmento da sociedade. E democracia se faz assim, principalmente respeitando seu par, respeitando cada um”, alegou.

Na quarta, além da formalização da oposição, a vereadora Maria Leticia Fagundes, líder da bancada do PV, anunciou a saída do partido do bloco liderado por Helio Wirbiski (PPS, Pros, PRP, PRB, PSDC e PTB). O requerimento será oficializado na próxima segunda-feira (16), com a leitura no pequeno expediente da sessão. “Nosso presidente e vice manifestam a opinião do bloco. Nada contra meu bloco, o meu carinho ao presidente, mas eu quero ter voz, não sou mulher de me calar diante dos debates. Não conseguir falar tem me causado frustração nos debates. Gostaria de dar minha opinião. Nada contra ninguém. O que eu quero é enriquecer o debate”, justificou a parlamentar. Cristiano Santos é o vice-líder da bancada do PV na Casa.

Além do bloco liderado por Wirbiski, a Câmara possui o “blocão”, ambos constituídos no começo do ano (leia mais). Liderado por Paulo Rink (PR), ele agora reúne PSDB, PSC, PSB, Pode, PP, SD, PR e DEM – PDT e PSD se desligaram em junho e julho, respectivamente. Se originalmente apenas o PMDB e o PT não tinham entrado nos blocos, atualmente estão na mesma situação o PDT, o PSD e o PV.