Filho do senador Roberto Requião, o deputado estadual Maurício Requião (PMDB) apresentou hoje requerimento na Assembleia Legislativa propondo a criação de uma de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar fatos que envolvem a operação ‘Carne Fraca’, que apura um esquema de pagamento de propina e fraude na fiscalização de frigoríficos. A proposta foi uma reação a ameaça do bloco PSD-PSC, liderado pelo deputado estadual e pré-candidato ao governo, Ratinho Júnior (PSD), de propor a criação da CPI para atingir o PMDB de Requião.
Requião – que ensaia uma nova candidatura ao governo – tem atacado Ratinho Jr e seu grupo, por não assinar os pedidos da bancada de oposição ao governo Beto Richa (PSDB) na Assembleia, para a criação das CPIs das operações “Quadro Negro” e “Publicano”, que investigam, respectivamente, esquemas de corrupção na construção de escolas e da Receita Estadual. Irritados com as cobranças, parlamentares do bloco de Ratinho Jr cogitaram propor a CPI da ‘Carne Fraca’, que envolveria deputados do PMDB. “Está sendo discutido. Nós vamos ter um encontro nos próximos dias. Existe essa possibilidade. Está em discussão essa possibilidade. No momento não tem nada decidido ainda”, confirmou o líder da bancada do PSD, deputado Hussein Bakri.
Bakri admitiu que a ideia seria uma retaliação aos ataques de Requião. “Eu pessoalmente não vejo grande repercussão de uma CPI. Mas nesse caso aqui agora, não posso deixar de dizer que ‘quem com ferro fere, com ferro será ferido’.”, afirmou. “A provocação nunca tem partido de nós. As ofensas nunca têm partido de nós. Inclusive recentemente em um determinado blog, o ex-governador Requião ofendeu a nossa bancada dizendo que ela é leniente com a corrupção”, reclamou. “Eu acho que em primeiro lugar ele tem que resolver os problemas dele. No governo dele existiu o escândalo das ‘TVs laranjas’. Existiu os dólares na casa do irmão dele (Eduardo Requião). O dia que ele contar quanto que tinha de dólares na casa do irmão dele eu vou pensar em CPI”, disse Bakri.
Requião Filho reagiu anunciando a proposta da CPI da ‘Carne Fraca’ e desafiando os deputados a apoiarem também as comissões para investigar os casos da “Quadro Negro” e “Publicano”. “Nós do PMDB nos assustamos. Primeiro com a mudança de discurso. Depois porque não sabíamos que CPI podia investigar partido”, afirmou. “Deixa eu economizar trabalho para vocês. Está aqui o requerimento e a primeira assinatura é minha. Truco. Seis. O PMDB não tem o que esconder. O PMDB, o senador Requião, a nossa bancada, não tem medo nenhum disso aqui”, garantiu o filho do senador. “Junto com esse requerimento está o pedido da CPI da Quadro Negro, e da Publicano. Coerência senhores. Assinem as três. Não trabalhamos com ameaças. Vamos ver se muda o discurso. Porque de repente CPI deixa de ser palanque eleitoral e passa a ser o trabalho de fiscalização de uma Casa Legislativa séria”, cobrou.
Atualmente, existem quatro CPIs em andamento na Assembleia (Animais, Porto de Paranaguá, Indústria do Atestado Médico e Questões Fundiárias) e outras três à espera de instalação (Contrabandos, Ensino Superior, Violência e Vandalismo). Pelo regimento interno, só podem funcionar cinco comissões ao mesmo tempo. Para propor a criação de uma CPI, são necessárias as assinaturas de 18 dos 54 deputados. O bloco PSD-PSC é o maior da Assembleia, com quatorze deputados.
