Guy Ritchie estava sem muito o que fazer. O terceiro capítulo de Sherlock Holmes, aquele com Robert Downey Jr., parecia anunciado ao fim de Sherlock Homes: O Jogo de Sombras (2011), mas não saía do papel. E a verve cinematográfica do diretor – ávido por mais um filme com jogo de gato-e-rato, crimes, tiroteios, exageros e comédia – pedia “ação”. Como satisfazê-la? Entrou na mira O Agente da U.N.C.L.E., um seriado de sucesso nos anos 60.
O Agente da U.N.C.L.E. tinha tudo que Ritchie poderia querer: ação, aventura e humor. O programa reunia dois agentes secretos, sendo um norte-americano, Napoleon Solo (Robert Vaughn) , e um soviético, Illya Kuryakin (David McCallum). A U.N.C.L.E. (a palavra em inglês significa “tio”) é uma sigla para United Network Command for Law and Enforcement (tradução: Rede de Comandos Unidos de Lei e Aplicação), uma agência de espionagem cujo principal inimigo era a organização criminosa “THRUSH” (Technological Hierarchy for the Removal of Undesirables and the Subjugation of Humanity, ou “Hierarquia Tecnológica para Remoção de Itens indesejáveis e Subjugação da Humanidade”). Anos 60. Eram os tempos de Guerra Fria. Tempos em que a espionagem era moda na telinha ou na telona (James Bond).
Ritchie pegou essa premissa e fez um filme a seu estilo, com jogo de gato-e-rato, crimes, tiroteios e comédia. Para estrelá-la, chamou o “Superman” (Henry Cavill) e o “Cavaleiro Solitário” (Armie Hammer) e os empacotou.
Cavill interpreta Napoleon Solo, um ex-soldado e ladrão de obras de arte que passa a trabalhar para a CIA. Numa missão para resgatar a filha de um cientista alemão, Solo cruza o caminho de Illya Kuryakin (Armie Hammer), um agente da KGB. Ao melhor estilo “Guy Ritchie”, o encontro é hilário. E explosivo.
E começa o jogo de gato-e-rato.
Solo e Kuryakin terão que trabalhar juntos. Só que eles se estranham desde o primeiro encontro “oficial”.
A missão deles é parar uma organização criminosa internacional misteriosa, que decide desestabilizar o frágil equilíbrio de poder através da proliferação de armas nucleares e da tecnologia (ah, a Guerra Fria…). A moça resgatada por Solo, Gaby (a atriz sueca Alicia Vikander), é a única pista da dupla. É a chave para infiltrar-se na organização criminosa. Eles terão de correr contra o tempo para evitar um colapso global. E o que poderia unir um espião norte-americano e um soviético em pleno ano de 1963? Combater nazistas, claro. O rumor é que eles construíram uma bomba atômica…
Mesmo com os exageros visuais para remeter aos anos 60, O Agente da U.N.C.L.E. é um filme típico de Guy Ritchie. Tem jogo de gato-e-rato, crimes, tiroteios, exageros e comédia. Pode ser perfeitamente incluído numa currículo que tem Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Snatch – Porcos e Diamantes e Sherlock Holmes. Ao mesmo tempo, respeita quem gosta do gênero de espionagem. Em tendência, O Agente da U.N.C.L.E. pode virar uma trilogia. Henry Cavill, em entrevista para divulgar o filme no Brasil, declarou que o Rio de Janeiro seria um excelente cenário para um segundo roteiro. “Poderíamos criar coisas incríveis nos bondinhos”,afirmou.
Curiosidade
A série original contou com a colaboração de Ian Fleming (autor das primeiras histórias de James Bond) e, nos primeiros episódios, ironizava as histórias de espiões com recursos e instrumentos mirabolantes.