Até agora todos os posts têm sido sobre bebês, mas hoje vou falar de uma outra fase da vida dos nossos filhos. Uma fase que faz parecer todas as outras mais fáceis, que transforma a birra dos dois anos em uma sessão de cócegas. Sim, pais e mães, é a adolescência. Confesso que tenho levado alguns sustos nesta nova fase que minha filha mais velha entrou. Sustos que têm me obrigado a refletir, estudar, conversar com psicólogos, reavaliar e a reaprender.
Meu prim eiro erro foi achar que seria tranquilo, porque comigo foi. Na verdade, fui me revoltar e desobedecer quando entrei na faculdade, ou seja, já tinha meus 18 anos. Eu tinha tantos problemas reais e pesados familiares que aqueles dramas adolescentes não me atingiram. Fui boazinha, silenciosa, daquelas que fica no quarto, escrevendo e ouvindo música. Não, tive que aprender que ela não é como eu e que, embora, eu ache que ela não tem os problemas pesados que eu tinha, ela tenha sim os problemas dela e que para ela são reais, assustadores e graves. Ou seja, não podemos em hipótese nenhuma comparar, os nossos adolescentes conosco ou com outros adolescentes. Cada um é cada um.
Estou aprendendo a difícil tarefa de ” dosar” a confiança. Você tem que sim confiar e deixar que vá na viagem da escola, uma vez ou outra no shopping, mas não pode deixar livre nas redes sociais, por exemplo, porque há sustos e armadilhas. Tem que dar liberdade, mas saber com quem anda e onde vai. Os pais têm também que ficar na atenção máxima, mas sem sufocar. Dosar o próprio desespero e preocupação é uma tarefa muito difícil e cheia de conflitos. Os pais precisam deixar que seus mocinhos (as) se coloquem na sociedade, façam parte de grupos, mas com segurança.
E no meio disso tudo, os pais têm que que manter os filhos próximos e amigos. Não pode fazer com que as discussões, restrições e conflitos o afastem para mais longe. Hoje, com a ajuda das amigas que já passaram por isso e do suporte da escola, me sinto mais segura para os próximos desafios da adolescência.
Confesso que às vezes sinto saudade de quando o maior problema do dia era fazer ela comer direito com a colher, largar a fralda ou aprender a caligrafia do B maiúsculo. Por outro lado, sinto uma felicidade quando enxergo na minha adolescente os sinais da maturidade, de uma opinião própria bem embasada, do resultado de uma decisão que ela tomou sozinha depois de avaliar prós e contras.
Nem tudo é só desafio. Toda a alegria e energia em busca de um mundo novo que minha adolescente vive acabou me contagiando. Depois de ter que levá-la a alguns shows, me lembrei de certas alegrias que a vida adulta e corrida tinham me roubado. Encarei com o marido um bate e volta a São Paulo para ver minha banda favorita e fiz as tatuagens que tanto ensaiei. Agora tenho também uma companheira de filmes, Oscars, livros e roupas também.
Como podem ver, quando temos um filho adolescente ficamos meio adolescentes e confusos também.