Adversários nesta temporada na decisão estadual e nas quartas de final do Campeonato Mineiro, Cruzeiro e Atlético Mineiro se reencontram neste domingo em mais um capítulo da histórica rivalidade, mas em um contexto bem diferente. Afinal, com campanhas decepcionantes, duelam a partir das 16 horas, no Mineirão, para minimizarem o risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro, em duelo válido pela 32ª rodada.

Com 34 e 39 pontos respectivamente, Cruzeiro e Atlético-MG estão em crise há algum tempo, dentro e fora do campo, e chegam ao clássico com muito em comum. Afinal, os presidentes Wagner Pires de Sá e Sergio Sette Câmara têm sido alvo de protestos dos torcedores de seus clubes e também não vêm conseguindo manter os salários em dia.

A crise técnica dentro de campo já provocou mudanças no comando dos times, que estão no terceiro técnico da temporada – Abel Braga e Vagner Mancini, respectivamente. Além disso, jogadores visto como referência no elenco, como Fred e Thiago Neves, no Cruzeiro, e Ricardo Oliveira e Elias, no Atlético-MG, perderam o apoio das arquibancadas, que voltaram suas esperanças para promessas das divisões de base, como Ederson, Cacá, Cleiton e Marquinhos.

Assim, quase como “espelhos”, Cruzeiro e Atlético-MG vão duelar pela sétima vez em 2019, como em um tira-teima, pois cada lado soma dois triunfos, com mais dois empates. Mas o equilíbrio esconde que o lado celeste foi mais feliz neste ano até no confronto, pois faturou o título estadual e se classificou às semifinais da Copa do Brasil diante do rival.

Também é do Cruzeiro a maior necessidade de deixar o Mineirão com a vitória, pelo maior risco de rebaixamento. O seu momento também é melhor, tanto que está há nove rodadas invicto no Brasileirão, ainda que o excesso de empates nesses compromissos – seis – ainda não o tenha permitido respirar na luta contra a degola.

Outro fator que o Cruzeiro espera aproveitar é a disputa de dois jogos seguidos como mandante contra times com risco de rebaixamento, casos do Atlético-MG e do CSA. “Duas partidas importantíssimas, dois jogos em casa que precisamos fazer os seis pontos. A gente, chegando aos 40 pontos, dá uma tranquilizada maior. Acho que os de baixo não vão conseguir vencer dois jogos seguidos, porque está muito competitivo”, disse Robinho.

Mas como o momento do Cruzeiro é delicado, Abel deve priorizar a escalação de jogadores experientes, embora não tenha dado dicas sobre a formação. Assim, Fred retorna ao comando de ataque, na vaga do suspenso Sassá. E Thiago Neves retorna ao meio-campo, após ser poupado diante do Athletico-PR, o que deverá fazer Marquinhos Gabriel perder espaço.

O cenário é parecido com o de Leo, que não atuou na Arena da Baixada para ter um descanso. E o sistema defensivo ainda terá o retorno de Orejuela, que estava suspenso na quarta-feira. “É um clássico, isso tem um peso, experiência conta muito”, afirmou Abel.

No Atlético-MG, o clima de tensão desanuviou na quarta-feira, quando o time superou o Goiás por 2 a 0, abrindo seis pontos de vantagem para a zona de rebaixamento, ainda que tenha uma das piores campanhas do segundo turno. Mas o time espera consolidar a recuperação no segundo jogo consecutivo no Mineirão, até para poder começar a traçar a sua estratégia para 2020.

“É um campeonato à parte, um campeonato paralelo. Os dois clubes vêm de um momento muito parecido na competição, mas a gente sabe que, a partir de um clássico, tudo pode mudar. Então, que tenhamos essa nossa frieza, mas, ao mesmo tempo, a agressividade que estamos tentando colocar nas partidas”, afirmou o zagueiro Réver.

O principal problema para o Atlético-MG nesse momento é lidar com os desfalques, especialmente no meio-campo. O último deles foi Elias, que se contundiu na partida contra o Goiás, mas o time já havia perdido anteriormente Nathan, o que deverá levar o meia-atacante Luan a atuar novamente mais recuado. Por outro lado, Jair, recém-recuperado de lesão sofrida quando tinha status de titular absoluto, volta a ser opção, podendo ficar no banco de reservas.

Autores dos gols do Atlético-MG no triunfo sobre o Goiás, Marquinhos e Bruninho disputam uma vaga no setor ofensivo. Mas ela deverá ficar com o segundo, pois o primeiro está com um edema na coxa e não sabe nem se poderá ser aproveitado no clássico.

O confronto com os times correndo risco de rebaixamento remonta ao Brasileirão de 2011, quando o Cruzeiro escapou da degola na rodada final ao aplicar uma goleada de 6 a 1 sobre o Atlético-MG, que havia se safado um jogo antes. No banco celeste daquele clássico estava Mancini, hoje o comandante da equipe alvinegra.

“O erro zero na parte defensiva é o mais importante em um jogo desse. Isso eu tenho passado aos atletas. É um lance de bola parada, de lateral, e você toma um gol que custa caro”, alertou o agora treinador do Atlético-MG.