
Um pequeno e encantador espaço localizado no bairro São Francisco, perto do Shopping Mueller, reserva algumas das maiores delícias alcoólicas de Curitiba. Trata-se do Ananã Coquetéis, que neste mês está celebrando mais um aniversário. Já são oito anos de história, sempre ofertando uma saborosa e refrescante variedade de drinks. E o melhor: com preços acessíveis, para alegria dos boêmios curitibanos.
O estabelecimento, que fica na Rua Inácio Lustosa (nº 341), próximo da esquina com a Rua Duque de Caxias, é comandado por Karin Luise Kaudy, de 33 anos. Uma publicitária por formação, mas uma bartender por vocação. “Tentamos trabalhar com destilados latinos, como tequila, pisco, cachaça… O nosso forte é a cachaça, é no que a gente é especializado, o que eu estudo mais. Se eu pudesse ficar viajando o país inteiro conhecendo cachaça, eu faria”, comenta ela.
Para quem ainda não conhece o Ananã, um bom ponto de partida para entender a proposta do lugar é experimentar os drinks icônicos da carta de coquetéis, como o Flor do Desejo, Madame Furacão e Tarô. O último, inclusive, é o carro-chefe do lugar.
“Só neste ano já devemos ter vendido mais de mil tarôs. Mas eu gosto bastante dos coquetéis sazonais, como o Tara e Tal, que a gente faz um refrigerante de melancia, mistura com tequila, limão e faz uma borda com tajín [tempero mexicano a base de pimentão, limão, pimenta e sal]. É um coquetei meio adocicado e meio picante”, recomenda ainda Karin, citando que todas as produções são feitas pelo próprio Ananã.
“Xaropes, essas coisas, é 100% feito aqui. A gente só não faz os destilados, basicamente, mas o resto a gente faz aqui. E tentamos sempre trabalhar com o sabor mais fresco da fruta. Se é goiaba, a gente quer ter aquele gosto de você estar mordendo uma goiaba. Se é maracujá, vai ter o gosto de maracujá mesmo ali, parecendo aquele moussezinho que sua mãe faz com fruta fresca. A gente faz tudo com bastante carinho e adoramos trabalhar com fruta, especiarias brasileiras. O mais nacional que a gente puder”, ressalta a bartender.
O Ananã funciona de quarta a domingo. Nas quartas e quintas, as portas da casa abrem das 17h30 às 23 horas. Nas sextas e sábados, das 17h30 até 1 hora da madrugada. E no domingo, das 16h30 às 22 horas.
O curioso nome do estabelecimento, por sua vez, vem do tupi-guarani e significa abacaxi. “É uma fruta bem importante, um símbolo de hospitalidade”, explica Karin.

Oito anos de história e com novidades por vir
A decoração do Ananã é a mesma desde sempre, com destaque para os tijolinhos que servem como banco para quem quer se sentar no interior do bar. A carta de coquetéis, por sua vez, costuma ser trocada algumas vezes por ano, com novidades a cada estação. Mas isso deve mudar em breve.
“Hoje a gente tá trabalhando com uma carta que tem uma parte fixa e uma parte de estação. Mas nossa próxima carta já não vai ser tanto assim. A partir de julho ou agosto a gente vai ter um cardápio por ano e vamos anunciar coquetéis especiais durante o ano”, comenta Karin, contando que a marca também está passando por uma reformulação.
“Estamos fazendo um rebranding geral da marca. Já são oito anos, sentimos a necessidade de dar uma atualizada. A essência nossa ainda é do Ananã de antes, mas a gente quer modernizar um pouco mais a marca, até porque já fazemos também alguns cocktails mais modernos. Nossa logo também deve mudar, o cardápio…”, antecipa ela.
Da agência de publicidade para o bar…
Bacharel em Publicidade, Karin Kaudy iniciou sua trajetória em bares quando ainda estava na faculdade, fazendo taxas e freelas para conseguir juntar algum dinheiro. Depois de formada, trabalhou por mais de um ano n’O Barba, até que finalmente surgiu uma oportunidade para trabalhar como publicitária, numa agência. Mas como o salário de um recém-formado não era lá essas coisas, ela decidiu trabalhar com publicidade durante o dia e fazer taxa de noite, para ter uma grana a mais e poder se sustentar num momento em que estava saindo da casa de seus pais.
Foi quando ela viu que uma casa chamada Paradis estava abrindo as portas e contratando funcionários. Resolveu tentar a sorte, fez um teste e passou. Depois de fazer alguns treinamentos, já começou a trabalhar e começou a ter suas primeiras experiências com coquetelaria. E os coquetéis acabaram virando a sua grande paixão.
“De início, mantive o trabalho na agência e fui levando o Paradis. Só que cada vez mais eu gostava mais de estar ali no Paradis, gostava mais de estar atrás do bar do que estar fora, na agência. E aí chegou um ponto em que eu falei ‘não, eu vou ter que escolher um lugar’, porque estava indo trabalhar miseravelmente de dia e de noite ficava legal. Eu me apaixonei por coquetéis depois que fizemos um treinamento com a Patrícia Bandeira, que é dona do Negrita, e fui estudando cada vez mais, gostando cada vez mais daquilo”, relata.
… E de bartender para mãe e empresária
Depois da experiência no Paradis, Karin ainda trabalhou no Wonka e no Dizzy. Nesse meio tempo, ela e o então marido, Andrew Guilherme (que também é bartender), começaram a conversar sobre a possibilidade de criar um bar de coquetéis próprio. As inspirações da dupla eram a cultura Tiki (um tipo de coquetelaria americana com um olhar voltado para o exótico caribenho, com muita fruta e sabores tropicais) e a coquetelaria cubana.
“E aí nisso eu engravidei. E quando engravidei, sabia que tinha que fazer uma escolha, porque ficar na área trabalhando pra alguém seria bem difícil. Eu não teria muito tempo pra ficar com ela [filha], teria dificuldade até pra fazer as coisas do dia a dia, porque os horários são bem complicados, escala seis por um. É bem complexo com uma criança isso. Foi aí que a gente falou ‘não, vamos colocar no papel e ver se isso aqui é viável, vamos começar.’”
No final de 2016, os dois viram que estava para alugar o ponto onde até hoje funciona o Ananã. Um espaço retangular com 32m², perfeito para a proposta que eles queriam para o bar de coquetéis. “A gente queria trazer um pouco dessa coisa bem tropical e queríamos que fosse um bar de rua, trazendo os coquetéis de uma forma acessível e que não fosse muito complicada, que você pudesse só chegar, beber e ir, sem grandes cerimônias. Aí começamos a desenhar essa ideia e em junho de 2017 abrimos o bar. E estamos aí até hoje.”