PAULO GOMES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Parte das escolas públicas de São Paulo suspendeu as suas atividades nesta sexta-feira (26). A paralisação abrange tanto a rede municipal de ensino quanto a estadual, mas as reivindicações dos servidores nas duas esferas são diferentes.
Os professores da capital paulista fazem uma paralisação coordenada pelo Sinpeem (Sindicato dos Profissionais de Educação no Ensino Municipal de São Paulo) contra um projeto de lei que cria um plano de previdência privada para os servidores do município e institui um teto para o valor da aposentadoria -as medidas seriam aplicadas apenas aos novos funcionários.
Na quarta-feira (24), o prefeito e candidato à reeleição Fernando Haddad (PT) anunciou a retirada da proposta, sob a justificativa de “permitir maior debate e esclarecimentos” para um novo projeto, a ser apresentado em 2017 caso o petista se reeleja. O recuo de Haddad, no entanto, não fez com que a paralisação fosse cancelada pelo Sinpeem, que é filiado à CUT e que tem como presidente Cláudio Fonseca.
Fonseca está afastado do cargo para concorrer a vereador pelo PPS, partido de oposição nacional ao PT. Ele já ocupou o cargo na Câmara em duas ocasiões, pelo PCdoB de 2001 a 2004 e pelo PPS de 2009-2012. No atual exercício do Legislativo, ele é suplente de Ricardo Young, ex-PPS e concorrente de Haddad na eleição deste ano para a prefeitura, pela Rede.
Além da paralisação, o sindicato organiza também uma manifestação em frente à prefeitura, no viaduto do Chá, marcada para as 14h. Segundo o presidente em exercício do Sinpeem, José Donizete Fernandes, o protesto não é apenas contra o projeto já retirado por Haddad, mas também contra o projeto de lei complementar que impõe um teto para as despesas dos Estados (PLP 257, proposta pela então presidente Dilma Rousseff, do PT) e contra a proposta de emenda constitucional que limita gastos federais (PEC 241, do governo do presidente interino Michel Temer, do PMDB).
A rede municipal de ensino da cidade de São Paulo é a maior do país, com quase 1 milhão de alunos. Fazem parte da rede 3.540 instituições de ensino, com mais de 83 mil servidores, dos quais cerca de 59 mil são professores. O Sinpeem conta com 57 mil associados -parte deles, já aposentados–, dos quais 35 mil são entre docentes e gestores.
PORTÕES FECHADOS
Na Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) João Theodoro, contígua ao parque da Luz, região central de São Paulo, os portões estavam fechados desde cedo. Um aviso fixado no portão informava que a escola não funcionaria nesta sexta por causa da paralisação.
Por volta das 7h, na Emei Angelo Martino, na Bela Vista, o fluxo de pais e crianças era normal. “Os professores que entram à tarde não vêm. Os pais estão avisados para pegar as crianças às 11h, porque a escola vai fechar”, disse uma funcionária, que não quis se identificar. As aulas perdidas devem ser repostas em outros dias -a decisão cabe à direção de cada unidade.
Segundo ela, apenas duas professoras entre os docentes da manhã aderiram à paralisação. “Os pais dessas turmas foram avisados por bilhete na quinta-feira (25).” As escolas que não tiveram aulas farão reposição. De acordo com o Sinpeem, 80% da rede aderiu. A Secretaria Municipal de Educação não faz esse levantamento.
ESTADUAIS
Escolas do Estado também estão sem aula hoje. São mais de 5.000 escolas pertencentes à rede estadual. Os professores realizam, também às 14h, assembleia em frente à Secretaria de Estado da Educação, na praça da República.
As principais reivindicações da Apeoesp (sindicato dos docentes) são o reajuste salarial de 16,6% para repor a inflação desde julho de 2014 e uma “negociação permanente para discutir a valorização profissional”. Há a possibilidade de greve -em maio, foi adiada pela segunda vez, sem proposta feita pelo governo Alckmin.
Segundo o sindicato, filiado à CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e à CUT, são mais de 190 mil associados (parte também de aposentados). A rede estadual conta com aproximadamente 210 mil professores.
O sindicato não soube mensurar quantas escolas aderiram à paralisação. Até meio-dia, a Secretaria da Educação do Estado não tinha um balanço de quantas instituições suspenderam suas aulas.
Raio-X
REDE MUNICIPAL DE ENSINO
Escolas 3.540
Professores 58.924
Sindicato Sinpeem, 57 mil associados (nem todos professores e parte de aposentados)
Principais demandas Suspensão de proposta previdenciária (já atendida) e restrições orçamentárias à Educação

REDE ESTADUAL DE ENSINO
Escolas 5 mil *
Professores 210 mil *
Sindicato Apeoesp, 190 mil associados (parte de aposentados)
Principais demandas Reajuste salarial para corrigir inflação e frente de diálogo com o governo

( * ) Números aproximados