Trinta e dois anos depois de Saul Raiz – candidato do PDS, partido que apoiava o governo militar – perder a eleição para o governo do Paraná para José Richa, então do PMDB – o slogan um salto no escuro foi ressuscitado na campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, candidata do PT – legenda que nasceu justamente para combater o regime de exceção. Na época, Raiz usou a frase contra Richa, apontando o risco que a eleição do oposicionista representaria. Desta vez, os petistas usam o mesmo estratégia de fomentar o medo, só que contra uma cria do próprio partido, a ex-seringueira, ex-ministra de Lula e ambientalista Marina Silva (PSB). Esse fato demonstra bem como a política brasileira parece andar em círculos, e diz muito também sobre como o PT se entregou de vez ao pragmatismo, adotando as mesmas práticas que ele dizia repudiar quando estava na oposição. E também explica o porque do desgaste e da rejeição que a legenda enfrenta entre amplos setores da opinião pública brasileira – inclusive entre antigos simpatizantes – depois de doze anos no poder.
Antecedentes I
O curioso é que o PT usa o mesmo estratagema do qual foi vítima no passado. Em 1989, o então presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Mário Amato, disse que 800 mil empresários deixariam o País se Lula fosse eleito presidente. Em 2002, José Serra (PSDB) levou ao ar um depoimento da atiz global Regina Duarte dizendo que tinha medo do risco de vitória do petista na eleição presidencial.
Antecedentes II
Se a história serve de algo, vale a pena registrar: tanto no caso de Saul Raiz quanto de Serra, a tática do medo fracassou.
Hã?
Além de vago e um tanto quanto etéreo, o discurso de Marina Silva beira o incompreensível. Ontem, ao ser perguntada sobre suas propostas para educação, em uma espécie de enquete popular, a candidata do PSB saiu com essa: vamos antecipar as metas do plano decenal. Ganha uma passagem só de ida para o Acre quem souber o que ela quis dizer.
Razões e emoções
Não é preciso fazer pesquisas ou entender de marketing político para saber que essa e outras frases que Marina tem dito na campanha não fazem o menor sentido para o cidadão comum. O fato dela ter crescido tanto e se tornado uma das favoritas na disputa presidencial só comprova que o eleitor decide muito mais por motivos emocionais do que com a razão.
Subterrâneo
Em novo comercial veiculado ontem, a campanha de Dilma voltou a bater na questão do pré-sal. Disse que a proposta de Marina significaria que a educação e a saúde poderiam perder 1 trilhão e 300 bilhões de reais’’. E que milhões de empregos estariam ameaçados em todo o país’’.
Terrorismo
A propaganda exibe uma mesa rodeada por homens em um ambiente empresarial, aparentemente discutindo negócios, quando a locução diz que Marina vai reduzir a prioridade do pré-sal’’. Em seguida, mostra uma família em torno de outra mesa com crianças estudando, quando o conteúdo dos livros começa a desaparecer até as páginas ficarem em branco.
Sou boy
Pastor Everaldo (PSC) conta em sua propaganda que pagou seus estudos na faculdade com o salário de office boy, depois de passar em um concurso. Das duas uma: ou ele era o boy mais bem pago do País, ou essa faculdade não era das mais cotadas.
Faça o que eu digo…
Luciana Genro e o PSOL adoram odiar a Rede Globo. Mas usaram imagens dos telejornais da emissora para explorar as denúncias envolvendo a Petrobras e a base política de Dilma.
Economia
Vida de candidato nanico não é fácil. Levi Fidelix (PRTB) economizou dinheiro que gastaria com a produção própria de seu programa reproduzindo a semana inteira imagens do debate na Band.
Pedigre
A imagem de Álvaro Dias (PSDB) com seu cão de estimação, Hugo Henrique, rodou o País ontem. Foi parar na coluna do humorista José Simão, do Uol, que perguntou se era para votar no cachorro ou no tucano. Ainda no Uol, revelou-se que o cão não era um poodle, mas da pouco conhecida raça bichon frisé.
Meme
A propaganda de Álvaro também motivou muitos comentários nas redes sociais da internet. E também foi alvo de ironias dos adversários. No blog Amigos do presidente Lula, o gesto foi descrito como apelativo.É querer dar uma de bonzinho e apelar para os sentimentos dos outros, comentaram os lulistas.