Como já se imaginava, a tal bala de prata que o candidato do PMDB ao governo, senador Roberto Requião, anunciou para seu programa de segunda-feira à noite, contra o governador e candidato à reeleição, Beto Richa (PSDB), não passou de um traque de festa junina. Depois de perder quase metade do tempo para um direito de resposta do tucano, o peemedebista usou o espaço que restou para reprisar programa já exibido à tarde, falando sobre sua relação com as mulheres. O senador então anunciou que levaria as denúncias para seu canal na internet. O que se viu foram quase vinte minutos de discurso desconexo, acusando Richa de ter usado computadores do governo e de sua residência para espalhar documentos da família de Requião. Nada que pudesse justificar a promessa de que viriam à tona denúncias capazes de decidir a eleição. O senador ainda teve que engolir em seco depoimento de seu ex-vice, Orlando Pessuti (PMDB), pedindo que o eleitor não se deixasse enganar pelo candidato e não votasse em Requião. O que ficou evidente diante desse cenário farsesco é que a bala de prata na verdade se transformou em um tremendo tiro no pé do próprio peemedebista, que já não consegue mais convencer ninguém com suas bravatas e caminha a passos largos para o ostracismo.

Mau perdedor
Se Requião mais uma vez brincou com a boa fé do eleitor, Pessuti, por sua vez, fez um papel no mínimo questionável. O ex-governador – que sempre se orgulhou de dizer que foi um dos fundadores do PMDB – mostrou que as picuinhas pessoais estão acima do respeito que ele alimenta pelo próprio partido. E também que ele não se conformou com a derrota na convenção para o grupo do senador. Não fazer campanha para Requião era compreensível. Fazer publicamente campanha contra o candidato estando no partido é outra história.

Boiando
Diante do refugo de Requião, também ficou esquisita a estratégia da campanha de Richa de exibir o depoimento de Pessuti logo antes do programa do peemedebista, para alertar o eleitor para um ataque que não veio. Quem não acompanha o cenário político de perto – ou seja, a maioria – não entendeu nada.

Não julgueis…
Dilma Rousseff (PT) manteve a bateria de ataques contra Marina Silva (PSB), acusando a adversária de mudar de posição em questões como homofobia, pré-sal e CPMF de acordo com a conveniência política do momento. A presidente e concorrente à reeleição poderia aproveitar e explicar porque, em 2007, quando ainda era chefe da Casa Civil do governo Lula, defendeu a descriminalização do aborto em uma sabatina da Folha de São Paulo, e depois que virou candidata, passou a defender o contrário.

Uia!
Depois das declarações bombásticas do último debate, o nanico Levi Fidelix (PRTB) voltou a exibir trechos do confronto, no qual ele dá uma espécie de sabão no eleitorado. Votem nos mesmos, nas próximas eleições vão continuar reclamando, afirma o candidato, para completar: eu sou aquele que pretende colocar o dedo na ferida.

Sinal trocado
O PSTU diz que se conseguir elegê-los, seus deputados vão defender que salários dos parlamentares não podem ser maiores do que os dos professores. Mas o que os professores querem mesmo é ter salário de deputado.

Seletivo
Aécio Neves (PSDB) diz que o ano passado os brasileiros foram as ruas pedindo mudanças, mas nada mudou. Esqueceu de dizer que o descontentamento não se limitava ao governo federal, mas atingia também os governos estaduais e municipais, inclusive aqueles comandados por tucanos. Que também não mudaram nada.

Subindo o degrau
Aécio que se cuide. Com a reeleição garantida para o Senado, Álvaro Dias (PSDB) aproveita os últimos programas para dar sequência à sua futura campanha à Presidência. E dá-lhe depoimentos de eleitores falando que na próxima nós temos que votar para presidente, e que ele tem muita competência e vai ser nosso próximo presidente, aos quais o tucano reage com uma expressão de falsa modéstia.

Mordida
Alvaro exibiu uma espécie de direito de resposta em seu próprio programa, para rebater o uso, pelos adversários, de um vídeo em que ele critica o atual governador. Jânio Quadros ensinou – se o cachorro te morder, não morda o cachorro, morda o dono do cachorro, afirmou o tucano.

Daqui não saio
Prestes a conquistar o quarto mandato e a terceira década no Senado, Alvaro acrescentou ainda que não respondeu as agressões porque prefere atacar o sistema que é geradora de mensaleiros, sanguessugas, chupins da República. Estes eu não represento e não quero representar. E não me aposento!, bradou, em tom de ameaça.