A reta final da campanha eleitoral no rádio e na televisão para o governo no Paraná promete fortes emoções, com muitos golpes abaixo da linha da cintura até quinta-feira que vem, quando acaba o horário eleitoral. E os golpes mais baixos, ao que tudo indica, vêm daquele que até então dizia só fazer campanha com propostas, sem ataques. A primeira demonstração de que Beto Richa está disposto a partir para o tudo ou nada veio no programa da quarta-feira à noite, quando o tucano colocou no ar um video de 2007, onde o então governador Roberto Requião (PMDB) questiona a compra de uma fazenda por parte de Osmar Dias (PDT). E depois contrapôs isso com uma gravação da campanha atual, com Osmar pedindo voto para Requião. Para completar a baixaria, Richa usou o velho expediente de deixar o ataque para o final do programa, como forma de evitar que o eleitor percebesse que ele é o autor do ataque. Uma tentativa canhestra de enganar o telespectador. Mais feio que bater é bater e se esconder, e ainda continuar fazendo um discurso de vítima. Coisa de quem não assume o que faz, e não tem compromisso com a verdade.

Me engana que eu gosto
Ao mesmo tempo em que entrou na Justiça para barrar todas as pesquisas sobre a disputa pelo governo previstas para esta semana, Richa continua usando em sua propaganda os números dos levantamentos anteriores em que ele aparecia na frente. Com o detalhe: as pesquisas antigas tem a mesma metodologia que as atuais que o tucano barrou no tapetão.

Manipulação
Aliás, não são só os tucanos do Paraná que andam contando lorotas e tentando enganar o eleitor na propaganda. O programa de José Serra apresenta o presidenciável do PSDB como o ministro do Real. Qualquer um que conhece a história sabe que esse título cabe mesmo a Fernando Henrique Cardoso, que como ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, lançou o programa de estabilização. Tanto que foi exatamente isso que levou FHC a ser eleito presidente, na sequência.

Limpinho
O programa de Serra também diz que ele é o homem certo para o povo brasileiro, e um homem de ideias próprias e mãos limpas. E repisa jingle falando que Serra é do bem.

Nhé
Em outra tentativa de suavizar e humanizar a imagem pública do candidato, os tucanos também usaram um boneco de animação com a imagem de Serra. Ficou tão sem graça quanto o próprio.

O corpo fala
Se imagens falam muito mais que palavras, a cena que os tucanos vêm usando para encerrar os últimos programas é sintomática do estado de ânimo do candidato. Tentando demonstrar emoção ao declamar trecho do hino nacional, Serra acaba parecendo histriônico e meio desesperado no momento em que termina o texto.

Mãe curitibana
O programa de Osmar Dias na quarta-feira à noite foi dedicado às mulheres como exemplo de superação de dificuldades. Sob o título de Mãe Curitibana foi exibido um longo depoimento de Cristiane Yared, que teve um filho morto em acidente de trânsito na Capital envolvendo o ex-deputado Ribas Carli Filho. Eu nunca vi o nome de Osmar Dias envolto em falcatruas, desvio de dinheiro, em cobrir provas e esconder o que foi feito, disse ela no depoimento.

Questão de prioridade
O deputado estadual, candidato à reeleição e pastor evangélico Edson Praczyk (PRB) prega que é  dever do político defender o povo paranaense. Pois na Assembleia ele defendeu foi seus colegas acusados de corrupção.

Lei Ricúpero
Beto Richa, aliás, aparece no programa dos candidatos a Assembleia falando que é muito importante voto consciente para deputado estadual. Só não explica que os principais implicados no escândalo da Assembleia são seus apoiadores.

Vanguarda
Se o candidato do PSDB parece perdido, Dilma Rousseff mantém a estratégia de divulgar o Brasil grande que se tornou o mote de sua campanha. Ontem, o assunto foi ciência e tecnologia, com destaque para o pré-sal e os biocombustíveis. Hoje o Brasil é a bola da vez, descreve um dos depoimentos exibidos no programa.

Quem te viu, quem te vê
Se tem uma palavra que define essas eleições é a continuidade. Até os candidatos de oposição a usam como mote, como pode-se ver na campanha do tucano Beto Richa (PSDB), até então crítico do assistencialismo do atual governo, e que agora promete não só dar continuidade como ampliar os programas sociais.