A julgar pela facilidade com que os candidatos fazem promessas na propaganda eleitoral, o velho ditado de que promessa é dívida não vale para a disputa política. Basta assistir ao programa do tucano Beto Richa (PSDB), por exemplo, para perceber como a desinformação e a alienação do eleitorado é a principal arma dos candidatos que se revezam no poder no País. Há menos de dois anos, quando era candidato à reeleição para a prefeitura de Curitiba, Richa estampou em seus programas belas peças publicitárias de animação computadorizada com a promessa de construir o metrô na Capital paranaense. Desde então, o projeto não saiu do papel. O tucano também garantia que resolveria a questão do lixo. Pois há dois meses de encerrar o prazo para o fechamento do aterro da Caximba, Curitiba não sabe ainda aonde vai colocar seus resíduos sólidos. O candidato do PSDB e ex-prefeito também prometeu criar a Secretaria Municipal de Combate às Drogas. A pasta foi criada, mas sem resultados concretos, afinal as drogas – em especial o crack – nunca estiveram tão presentes na vida dos curitibanos, em especial os da periferia. A lista vai longe, e inclui também a área da saúde, tão repisada nos programas atuais do tucano. Isso apesar de Richa já ter apelado nas últimas eleições para o velho, batido e desacreditado factóide de registrar suas promessas em cartório.
Reprise
Os dois principais candidatos ao governo do Estado, Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT) reprisaram ontem à tarde os programas já veiculados na segunda-feira. Pelo jeito está faltando assunto.
Novela
Osmar continua apostando em propostas em capítulos. Ontem, começou falando dos planos para tratamento de usuários de drogas, mas deixou para o próximo programa as propostas de prevenção e combate ao tráfico. Estratégia temerária, já que muitos eleitores não assistem a todos os programas, na sequência.
Exemplo
Ainda falando de saúde, Richa afirmou que no governo, vai vai avaliar a satisfação dos usuários do sistema público. Poderia começar por Curitiba, que governou, e onde o atendimento sofre dos mesmos problemas que ele promete resolver no restante do Estado.
Ô coitado
O presidente da Assembleia Legislativa e candidato à reeleição, deputado Nelson Justus (DEM), alvejado pelas denúncias de funcionários fantasmas e atos secretos da Casa posa de vítima na propaganda. Fui atacado covardemente. Acredito na justiça de Deus, dos homens, e das urnas.
Fome
Candidato à reeleição, o deputado estadual, Marcelo Rangel (PPS) aderiu a onda Serra de cacófatos: como cristão, diz ele. Já André Saliba, do PSC, vai fundo: como médico.
Passadista
Donadon (PSB) apela para o slogan que já foi do ex-presidente Jânio Quadros: amos passar o vassourão na corrupção.
Simetria
O candidato do PSol ao governo do Estado, Luiz Felipe Bergmann, diz que na Finlândia, quem ganha mais tem renda apenas quatro vezes do que quem ganha menos. Faltou lembrar que o País tem pouco mais de cinco milhões de habitantes, ou metade da população do Paraná.
Quem será?
Márcio Ribas (PSC) diz: chega desses políticos e aponta o dedo. Faltou dizer quais deles.
Ui!
E o slogan da Noêmia Rocha? Noemia Rocha, fique firme na rocha.
Relógio ponto
Toninho da Fazenda (PT) não quer saber de ócio: é pra você que quer trabalhar. Rubens Marques (PR) emenda: alô Paranazão. Mais religião e trabalho mais cedo para nossos jovens.
Exorcista
Amaral Neto (PPS) vai acabar com os fantasmas que assombram a educação, o meio ambiente, e outras coisas mais.
Gritalhão
Neri Tigrão (PPS) grita que nem um louco: o seu voto merece respeito. E os ouvidos também.
Exclusão digital
Candidato ao Senado, Gustavo Fruet (PSDB) diz que ajudou a destrinchar o mensalão e recomenda o eleitor a procurar na internet. E quem não tem computador nem acesso à rede, como fica?
Mexida
O programa diz ainda que Fruet pegou a papelada que ninguém queria mexer. E coloca o senador Alvaro Dias (PSDB) pedindo voto sob o argumento de que é hora de melhorar o Senado Federal.
Cada um por si
Outra curiosidade da propaganda do candidato tucano é que no final, Fruet lembra que eleitor pode votar em dois senadores nesta eleição. Mas não cita o deputado federal Ricardo Barros (PP), o outro candidato de sua coligação. Afinal, coligações à parte, farinha pouca meu pirão primeiro.