Esse texto é sobre ser mãe, mas também é sobre ser filha.
Vamos por partes. Primeiro vou falar sobre ser mãe. Sobre o momento em que é preciso soltar as rédeas e deixar seu filho levantar voo. Não é fácil. Pelo menos não está sendo para mim. Bernardo completou onze anos no domingo. Ok , 11 anos não é uma idade significativa como 1, 15 ou 18. Mas para mim vai ser. Ele fez onze anos e vai viajar pela primeira vez sozinho. Sim, eu disse SOZINHO. Ele já viajou com os avós e com o pai sem a minha companhia. Mas dessa vez vai viajar sem nenhum adulto da família. Não preciso nem dizer que não durmo há uma semana imaginando mil coisas. Imagino que ele pode passar frio, que pode passar calor, que pode dormir com fome, que pode se perder da turma da escolinha de futebol, que pode não conseguir dormir, machucar o pé, entre outras milhões de coisas…Mas ele vai!
Claro que amanhã quando for levá-lo ao ponto de encontro vou ter que me segurar para não chorar. Mas com certeza vou chorar depois que ele entrar no ônibus. Dizem que faz parte da vida, do crescimento da criança, que vai ser bom para o amadurecimento dele e tudo mais. Mas gente, ele vai viajar sozinho!
Então ser mãe é isso. É enfrentar medos tendo que ser firme, é ser firme tendo que ser doce, é amar, amar e amar. É acreditar que só nós podemos protegê-los, mas acima de tudo ensiná-los a se protegerem. Amanhã venceremos uma etapa importante desse aprendizado. Muita coragem para mim e para ele. Na volta ele virá cheio de histórias e aí…As viagens não vão parar mais!
Ah tá, ia esquecendo. Agora sobre ser filha. Com essa siuação parei para pensar em tudo que minha mãe já passou. Noites acordadas esperando que eu chegasse (e quando eu era adolescente não existia celular). Como será que era toda vez que eu entrava no ônibus lá em Pato Branco, no sudoeste do Paraná, para seguir para Curitiba onde eu estudava? Tinha só 17 anos. Depois mais o tempo da faculdade em Ponta Grossa. Repito não tinha celular e ela pedia que eu ligasse ao menos três vezes por semana. Ligava duas. Mas ligava.
E essas experiências serviram para me fazer ser quem eu sou hoje. As noites dormidas nas casas das amigas, a rotina dos apartamentos que dividia com as colegas de faculdade, o momento de aprender a cozinhar (ao menos tentativa de cozinhar), lavar roupa, fazer compras no supermercado. Muitas vezes liguei chorando fazendo drama. Imagino a minha mãe se descabelando do outro lado da linha. Sim, porque mãe quase nunca acha que a gente exagera.
Então ser mãe é isso. É lembrar que já fui filha e que também quis levantar voo. E agora permitir que ele percorra alguns trajetos sozinho. Boa viagem filho. Mamãe já está com saudade, mas cheia de orgulho de nós dois. Te amo!!!!