O Coritiba foi valente contra o Atlético Nacional, da Colômbia, campeão da Libertadores. Iago tirou mais um gol da cartola, mais um que entra para sua coleção de golaços. Coxa vivo contra os Verdolagas, que vão pegar o Real Madrid no final do ano. Nos dois últimos duelos, o torcedor viveu o sabor do que oferece uma competição internacional, naquela que já é a melhor participação do clube na Copa Sul-Americana. O Atlético colombiano é um timaço. Joga um futebol moderno, trocando passes sem se assustar, tem jogadores fortes fisicamente e é taticamente muito bem posicionado. Um jogo como esse só enriquece a cultura local. Os colombianos cresceram muito nos últimos anos. Jogadores como Jackson Martinez, Carlos Bacca e James Rodríguez têm valor superior de mercado a muitos brasileiros, envergam ou envergaram camisas de peso na Europa. Claro que todos querem o título, querem ir o mais longe possível na competição, mas viver essa experiência tem um preço. É o gostinho da América, que paulistas, cariocas, gaúchos e mineiros já têm decorado no paladar.

Desafio atleticano
O Coritiba curte a Sul-Americana, o Atlético almeja a Libertadores pela quinta vez. A semana foi muito positiva para os comandados de Paulo Autuori, que haviam perdido confronto direto com o Grêmio, mas buscaram um 2 a 0 soberano no Atletiba. O Furacão foi superior o tempo todo, não só a torcida, mas o time do Coxa também não esteve na Vila Capanema. O tropeço do Fluminense contra o São Paulo manteve o Atlético no G6. Só que o time fará jogos contra o mesmo Flu e o Corinthians fora de casa, onde não consegue repetir o desempenho que tem em Curitiba. Esse é o desafio: buscar no mínimo empates contra esses dois adversários em outro CEP, para contar com sua torcida e selar a vaga na Libertadores, contando até com um G7, se algum dos semifinalistas da Copa do Brasil estiverem acima dele.

Vencer não é tudo
Ainda sobre o Atletiba, lógico que os rubro-negros ficaram eufóricos com a vitória, mas o comportamento da diretoria atual demonstra que a cúpula do clube não entendeu nada das queixas dos torcedores. A vitória não apaga o desrespeito com os sócios, que se desmobilizaram para ir ao jogo. Eles – não só os sócios, mas também toda a torcida – são a razão de existir do clube. Tanto é que, ao mesmo tempo em que atleticanos comemoraram a vitória com um quê de mágoa com sua relação interna, coxas-brancas lamentaram a derrota mas estiveram orgulhosos da sintonia com a direção alviverde, com a atitude de fazer um evento no Couto não compactuando com os valores dos ingressos ofertados no clássico. Porque há mais que vitórias na paixão que move o futebol; há o orgulho e a identificação com a filosofia do clube, das cores e da história. Se só vitórias gerassem torcedores, seriamos todos Barcelona.

Tubarão, espelho para o Paraná
O Londrina faz uma campanha histórica na Série B. O time é o melhor visitante da competição, com um futebol que se dá melhor fora de casa, marcando firme — tem a melhor defesa, apenas 23 gols sofridos — e beliscando resultados pontuais. Se estivesse melhor no Café, estaria na liderança (uma inversão com o desempenho do Atlético na Série A, mortal em casa, nem tanto fora). É possível sonhar com três paranaenses na elite, como não temos desde aquele 2007 da queda do Paraná. O Tricolor, por sua vez, vai mal das pernas, ameaçado de rebaixamento para a Série C. O que falta ao Paraná é o que sobra ao Londrina: convicção e planejamento. O LEC tem o mesmo técnico há 5 temporadas, uma folha enxuta, jogadores jovens e reforços pontuais numa base de anos; o Paraná se reinventa a cada 6 meses, desacredita na primeira cobrança — normalmente desproporcional, fruto das irreais comparações com Atlético e Coritiba — e muda. Claudinei Oliveira, chutado do clube, agora leva o Avaí para a Série A. Será que os catarinenses são tão mais fortes assim?

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão