O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumantes. Estima-se que aproximadamente 47% dos homens e 12% das mulheres do mundo fumem.

O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Mantidas as tendências atuais de expansão do uso do tabaco nos países em desenvolvimento, esses números chegarão a 8,4 milhões em 2020 e a 10 milhões de mortes anuais no ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva (entre 35 e 69 anos) (WHO, 2003).
O Relatório da Saúde da OMS (2002) atribuiu ao uso do tabaco: 8,8% das mortes/ano no mundo, 4,1% dos anos de vida perdidos ajustados por incapacidade, 12% das doenças vasculares, 66% das neoplasias de traquéia, brônquios e pulmão, e 38% das doenças respiratórias crônicas.
Estima-se que, no Brasil, cerca de 200.000 mortes/ano sejam decorrentes do tabagismo (OPAS, 2002).

Doença do coração
A vinculação entre o tabagismo e a doença cardiovascular tem sido demonstrada em várias populações do mundo. O Estudo dos Sete Países (EUA, Finlândia,Holanda, Itália, Croácia, Sérvia, Grécia e Japão) realizado em homens entre 40 e 59 anos, mostrou que, após 25 anos, 57,7% das pessoas que fumavam 30 cigarros por dia morreram, comparado com apenas 36,3% dos não fumantes. Um estudo de 40 anos de seguimento de médicos ingleses observou um excesso de óbitos por doença cardiovascular duas vezes maior entre os fumantes.
A doença cardiovascular é a primeira causa de morbidade e mortalidade, em ambos os sexos no Brasil e no mundo, e o fator etiológico básico é a lesão aterosclerótica.

A doença cardiovascular tem diversos fatores de risco estando o hábito do tabagismo como um dos seus principais fatores.
A nicotina contida é a droga psicoativa que mais causa dependência (ROSEMBERG, 2004). Eleva o ritmo cardíaco e a pressão arterial. O hábito de fumar é responsável por mais mortes do que todas as outras drogas psicoativas juntas (INCA, 2008).
Em relação ao tratamento, hoje existe medicamento específico para tratar o tabagismo como o de medicamentos (adesivos e chicletes) que contém nicotina, e a ingestão da substância vareniclina que é competidora da nicotina e adere ao receptor da mesma impedindo a ação da mesma e diminuindo o grau de dependência do fumo com o seu uso.

Os efeitos nocivos do fumo são causados pelas substâncias nocivas como o alcatrão e a nicotina. Esta última é absorvida pelo organismo, chegando rapidamente ao sistema nervoso central, agindo como estimulante.
A fumaça ambiental dos cigarros também é responsável por causar danos à saúde, principalmente em asmáticos, crianças e adultos com tendência às doenças cardíacas (SEELIG; CAMPOS e CARVALHO, 2005). A poluição da fumaça contribui para a concentração e exposição de partículas cujos componentes químicos são tóxicos ou cancerígenos, comprometendo significativamente a qualidade do ar.


CAUSAS

Câncer
A relação do tabaco com o câncer do pulmão é conhecida desde a década de 50, graças ao trabalho Richard Doll. Mas o tabaco também aumenta o risco de neoplasias em seis outras localizações, como na cabeça e pescoço (esôfago, laringe, língua, glândulas salivares, lábios, boca e faringe), na bexiga, no colo uterino, na mama, no pâncreas e no intestino.

Câncer de pulmão
Fumantes têm risco de câncer de pulmão aumentado entre 5 a 10 vezes. O tabagismo é responsável por mais de 80% dos casos desse tipo de câncer nos países desenvolvidos. Nos EUA, 24% dos homens que fumam podem desenvolver câncer durante sua vida.

Câncer de cabeça e pescoço
Para as neoplasias orais, homens que fumam têm taxas de incidência maiores que as dos que não fumam. Para o câncer de laringe, as taxas dos fumantes são 12 vezes maiores. Isso pode ser explicado em parte por mutações do gene p53, que é, provavelmente, um gene supressor do desenvolvimento de tumor.

Câncer de bexiga urinária
No ocidente, o uso de tabaco é a causa mais importante de câncer de bexiga, respondendo por cerca de 40 a 70% dos casos. O risco dos fumantes é 2 a 3 vezes maior que o dos não fumantes.

Câncer do colo do útero
O efeito do tabaco no câncer cervical apenas foi reconhecido recentemente. Nos EUA o tabagismo é responsável por 30% das mortes por câncer cervical.

Câncer de pâncreas
Estima-se que o tabagismo seja responsável 30% dos casos de câncer do pâncreas.
Câncer do intestino
Dados de estudos longitudinais em profissionais da saúde dos EUA sugerem que o tabagismo dobra o risco de câncer do intestino.

 

Dr. Mario Sergio Cerci, cardiologista do VITA Batel