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Centro Histórico de Ihéus (Foto: Josianne Ritz)

Ilhéus é uma cidade histórica com 80 quilômetros de praias incríveis no Litoral sul do estado da Bahia, Nordeste do Brasil. Aliás é o mais extenso litoral da Bahia. Fundada em 1534 como “Vila de São Jorge dos ilheos” e elevada à cidade em 1881. Boa parte do charme da cidade, no entanto, é mérito do escritor Jorge Amado. Lá, ele ambientou boa parte dos seus romances, como Gabriela, Cravo e Canela e Terras do Sem Fim. São personagens reais com histórias inventadas, histórias reais com personagens inventados que viraram lenda. Nas ruas, o escritor está por todos os cantos. E agora a cidade agora voltou ao destaque turístico graças ao remake da novela Renascer, na Rede Globo, que se passa lá.

Assim como na novela, em Ilhéus o cacau também está por toda a parte. As primeiras sementes da árvore foram no século XVIII e foram responsáveis por grande parte da riqueza do até então território da Vila de São Jorge de Ilhéus.  O antigo Porto de Ilhéus foi construído na década de 1920 justamente para escoar a produção.  A cidade já chegou a ser considerada a principal produtora do fruto do mundo. Apesar da grande crise econômica do fim da década de 1980, com a aparição do fungo vassoura-de-bruxa que devastou diversas plantações e levou coronéis à falência. A região até hoje tem o cacau como uma de suas principais atividades, agora mais sustentável. Do cacau, não vem só o chocolate, mas chá, geléia, suco.

Os coronéis do cacau também acabaram ditando a arquitetura da cidade. Em contraste com as pequenas casas, há construções grandiosas, como uma réplica do Cristo, inaugurada em 1942. Há o Palácio do Paranaguá, que abriga até hoje a Prefeitura e a sede da Associação Comercial de Ilhéus e até uma cópia fiel do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, construída pelo coronel Misael Tavares. Diz a lenda que não deixaram ele entrar no Palácio original e por isso ele construiu um para ele.

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Réplica do Palácio do Catete (Foto: Josianne Ritz)

De curitibano para curitibano, de paranaense para paranaense, a reportagem do Bem Paraná foi conhecer Ilhéus e elencou dez motivos para visitar o local.

Casa de Cultura Jorge Amado

O palacete onde o escritor Jorge Amado passou parte da infância e da adolescência se tornou a Casa de Cultura Jorge Amado. Ao entrar no local, podemos reviver um pouco desse passado do apogeu de Ilhéus. O pai dele, um fazendeiro de cacau, construiu o palacete nos anos 1920. Hoje, além de expor fotos, roupas, histórias da família e livros de Jorge Amado, o prédio também tem o poder de levar os visitantes para outra época. Das janelas é possível ver um outro lugar importante para a cidade, o bar Vesúvio, que foi imortalizado no livro Gabriela, Cravo e Canela, de 1958. Na frente do local também há uma estátua do escritor. Rende fotos belíssimas. A Casa de Cultura Jorge Amado fica aberta para visitação de segunda à sexta, das 9 às 12h e das 14 às 18h, e aos sábados das 9 às 13h. Durante a visita, inteiramente gratuita, os turistas e observadores são guiados e ouvem a descrição da importância histórica de cada objeto exposto na Casa.

Vesúvio

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O quibe do Nacib tem a mesma receita (Foto: Josianne Ritz)

Aberto por volta de 1920 por dois italianos, o bar Vesúvio ganhou fama com o romance de Jorge Amado “Gabriela Cravo e Canela”. Em 2000, o bar Vesúvio não recuperou só o nome como foi totalmente reformado em busca das características originais – entre elas, as mesas na calçada. O famoso quibe do Nacib continua a ser servido e um quitute imperdível. A mulher que teria inspirado Jorge Amado em criar Gabriela seria Lourdes Maron, casada com o dono do bar Vesúvio, Emílio Maron. É dela, aliás, a receita do quibe servido até hoje no Vesúvio. Outra dica é o suco de cacau que é simplesmente maravilhoso. Na frente também há uma estátua de Jorge Amado para os turistas tirarem foto.

Bataclan

O Bataclan é o mais conhecido cabaré e prostíbulo da Bahia e foi inaugurado em 1864. Diz a lenda ou a história (como preferir) que que existia inclusive uma passagem secreta ligando um armazém ao bordel, para que os clientes pudessem transitar livremente entre os dois espaços enquanto as esposas acompanhavam a missa na Igreja Matriz. O local foi comandado pela cafetina Maria Machadão, também citada nas histórias de Jorge Amado. Fechado nos anos de 1950, o edifício do Bataclan foi reformado e reaberto por uma equipe do Rio de Janeiro como boate, mas não deu certo. O espaço depois foi transformado em cortiço e chegou às ruínas, virando local para moradores de rua.  Em 1987, sugerido por uma comissão Pró-memória de Ilhéus, o edifício foi revitalizado com recursos da Petrobras, amparado pela Lei Rouanet. As obras começaram no início de 2000 e foram finalizadas em 2004. Hoje a concessão está com um grupo de empresários, que transformou o local em restaurante com cardápio saboroso e casa de shows para a alegria dos turistas. Há também um memorial para Maria Machadão, com objetos dela. E no final, as mulheres podem obter o “diploma de quenga” e homens de “coronel”.  Um passeio que vale muito a pena.

Fazendas de cacau

As fazendas de cacau ficam a cerca de 40 minutos do centro, ou seja na zona rural. São várias delas. Nós fomos na Fazenda Capela Velha, que fica em Uruçuca, na Estrada do Chocolate. Produtora de cacau desde a sua origem no século XIV, passou por todas as fases do cacau, incluindo a case da “vassoura de bruxa” na década de 1990. Os problemas causados pela crise, provocaram o total abandono, e assim a fazenda ficou até 2011, quando foi comprada pelos atuais proprietários. São 80 mil pés de cacau.  Eles investem em uma produção sustentável, onde a plantação de cacau está misturada com a mata, chamada Cabruca. O passeio é uma aula sobre o fruto, desde a plantação até a fabricação de chocolate. Sim, é uma das poucas fazendas que também possui uma fábrica de chocolate e outros produtos do cacau, onde é possível acompanhar todas as etapas da produção. Lá, eles produzem também suco de cacau, manteiga de cacau, licor de cacau, geleia de cacau, chá de cacau e nibs (pequenos fragmentos da amêndoa do cacau são ricos em flavonoides, um poderoso antioxidante que protege as artérias e o coração”. E há uma loja com todos os produtos.

Igrejas

As igrejas de Ilhéus são belíssima. Com uma arquitetura primitiva de encantadora beleza, a Igreja Matriz de São Jorge dos Ilhéus é a mais antiga da cidade, erguida em 1556. Além da imagem de São Jorge e do imenso painel que conta a história de Ilhéus, abriga também o Museu de Arte Sacra, fundado em 1970. A Catedral de São Sebastião, também chamada de Catedral de Ilhéus, fica no centro histórico de Ilhéus. Construída em estilo neoclássico e sua estrutura é uma das principais atrações turísticas da cidade. Possui uma cúpula que chega a 47 metros de altura, que levou mais 30 anos para ser construída. No Centro também se encontra a Igreja Nossa Senhora da Piedade, a primeira Igreja no Estilo Gótico Alemã do Brasil.

Mirantes

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Mirante da Piedade (Foto: Josianne Ritz)

Ilhéus tem sete mirantes “oficias” com paisagens de tirar o fôlego: o Mirante do Amparo, o Mirante do Canhão, o Mirante da Capela de Nossa Senhora de Lourdes, Mirante Outeiro de São Sebastião, Mirante da Lagoa Encantada, Mirante Praia do Sul, Mirante da Piedade. Fomos no Mirante da Piedade. De lá, dá para ver boa parte das praias, além de morros e a ponte Estaiada.

Praias

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Praia com pôr do sol (Foto: Josianne Ritz)

São 80 quilômetros de praias incríveis no Litoral sul do estado da Bahia, Nordeste do Brasil. Aliás,  é o mais extenso litoral da Bahia. Algumas das melhores praias de Ilhéus para são Praia dos Milionários, a Praia do Norte e a Praia da Avenida. Com sol quase o ano inteiro, chama atenção (pelo menos agora em março) as águas mornas da praia, que parecem aquecidas artificialmente. As areias finas e claras completam o visual. No verão, as temperaturas variam de 24 a 30 graus e nos meses de inverno, de 20 a 27 graus. O mês mais chuvoso é fevereiro e menos dezembro.  O município possui um verdadeiro santuário ecológico, incluindo uma das maiores florestas urbanas do Brasil, manguezais, lagoas, rios, ilhas, restingas e imensa diversidade de fauna e flora.

Cristo de Ilhéus

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Cristo Redentor de Ilhéus (Foto: Josianne Ritz)

O Cristo de Ilhéus, apelidado pelos guias turísticos de “Cristo Júnior” é muito parecido em sua concepção, com o do Rio de Janeiro. Foi inaugurado em 1942, na Avenida Dois de Julho, em área totalmente tomada ao mar.  A estátua foi projetada pelo escultor Italiano Paschoal de Chirico para “proteger” e dar boas-vindas às embarcações que chegavam ao porto. Depois, passou a dar nome à praia, que ficou conhecida como Praia do Cristo, que é bastante propícia para a prática de esportes aquáticos, como jet-ski, e passeios de caiaque.

Rede hoteleira

A rede hoteleira de Ilhéus é robusta, com opções desde pousadas até resorts com toda a infraestrutura. Nós estivemos no Jardim Atlântico Resort, que fica a 6 quilômetros da região central da cidade com acesso fácil a todos os locais e ainda pé na areia. O local conta com infraestrutura para toda a família, piscinas, recreação para crianças, salão de beleza, massagem, sauna, loja. As opções de gastronomia são surpreendentes, com pratos regionais, com peixe, camarão, crustáceos, cacau é claro,  mas também há um cardápio de carnes, sanduíches, petiscos, massas, além de opções veganas e pratos kids. Destacamos a Moqueca de Peixe e o Filé Maravilha.  O preço da diária para um casal e uma criança fica entre R$ 380 e R$ 580, com café da manhã.  

Lagoa Encantada

A visão da lagoa impressiona – são 6,4km² cercados por mata nativa de uma Área de Preservação Ambiental (APA). A 34 km do centro de Ilhéus, com 12 km em estrada de terra, a lagoa é acessível através das agências de turismo locais que oferecem um roteiro incluindo traslado, barco e refeições. Os tours que saem de Ilhéus duram quatro, seis ou oito horas. Todos dão uma volta completa pela lagoa. A região oferece, ainda, duas trilhas demarcadas, com belos cenários.Como chegar: Acesso pela BA-001, sentido Ilhéus. Entrada para a estrada secundária no Km 13 da BA-001.

*A repórter viajou a convite do Resort Jardim Atlântico