Agência Brasil

Em essência, o corredor amador tem a si próprio como seu “adversário”. É gratificante fazer uma prova e ver no relógio que o seu desempenho melhorou. Ou, mesmo que não tenha saído o recorde pessoal, ter a consciência de que foi feita uma boa prova, com condições mais adversas, como um percurso com grande variação de altimetria, muito calor, frio ou vento, entre outras situações que dificultam ainda mais conseguir os resultados desejados.

Tentar ser melhor do que você mesmo em uma prova ou distância é o que move a muitas pessoas. É, de certa maneira, uma das essências do esporte amador – ao lado, é claro, das pessoas que praticam por puro prazer, sem a cobrança por resultados. Em praticamente todas as provas, há troféus, medalhas e camisetas diferentes para os mais velozes (prática cada vez mais comum nas corridas de rua), rankings em circuitos em jogo, mas a melhor forma de mensurar o seu resultado é o seu próprio desempenho.

Cortar caminho ou usar o chip de outra pessoa para competir em uma modalidade menos difícil não é só um desrespeito aos adversários, mas a si próprio. Melhorar na corrida exige persistência, suor, consistência, coragem para assumir riscos (especialmente nas longas distâncias), abrir mão de certos exageros em relação à dieta, entre uma série de outras coisas. Em outras palavras, não há atalho.

Está sendo cada vez mais comum a descoberta de pessoas que obtiveram índices para provas de rua de forma irregular – cortando caminho ou passando o chip para outra pessoa – e situações que decorrem da troca de chips e numerais, especialmente de mulheres para homens, afetando os resultados. Veja algumas das trapaças que marcaram o universo da corrida de rua recentemente:

Indenização para a São SilvestreSe não tem a ver com o desempenho, a maior prova do Brasil protagoniza, a cada ano, “invenções” para fraudar as inscrições – o que não deixa de ser uma trapaça. Em 2017, um corredor permitiu que o seu número fosse clonado para integrantes da assessoria Run Up, de Sorocaba (SP). O blog do Harry mostrou que um dos fraudadores indenizou a organização em R$ 25 mil.

Moto ou carro na Meia Maratona de Florianópolis Um corredor que conquistou o pódio em sua categoria na Meia Maratona de Florianópolis foi desclassificado da prova. O motivo? Estima-se que ele percorreu 65% do percurso com um veículo motorizado, como um carro ou moto.

Brasileiro frauda a maratona de BostonA rainha das Maratonas, Boston exige que os corredores obtenham índice para poderem participar dessa festa. Segundo o site Marathon Investigation, um brasileiro teria passado em um posto de controle de Boston a um pace acima de 6’ nos 5 kms e terminado a prova em pouco mais de 3 horas. O próprio índice obtido por Alexandre Faria em Chicago também pode ter sido fraudado, segundo o Webrun.

Americano se suicida após descoberta de fraude Uma das histórias mais tristes de 2019. O mesmo site Marathon Investigation identificou um corredor de 70 anos, que teria fraudado a Maratona de Los Angeles e obtido o recorde mundial em sua faixa etária. Após a investigação, ficou claro que Frank Meza teria fraudado mais de uma vez a prova, cortando caminho e até usado uma bicicleta em anos anteriores. Após a cobertura sobre o assunto se disseminar nos Estados Unidos, Meza acabou se suicidando.

A grande fraude da Maratona da Cidade do México – Em 2018, dos 28 mil concluintes, 5 mil foram desqualificados. A The Economist analisou o caso.