Marcelo Camargo/Agência Brasil – Moro: ministro também disse que Bolsonaro demonstrou “gratidão” por ele ter deixado a carreira de juiz

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro afirmou hoje em entrevista à rádio Bandeirantes que o presidente Jair Bolsonaro quis “fortalecê-lo” ao revelar que o indicaria para o Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, nunca houve acerto com o presidente para integrar o governo em troca de uma futura vaga. Moro acha que a declaração de Bolsonaro também foi um gesto de “gratidão” por ele ter deixado a carreira de juiz.

Na entrevista, Moro voltou a defender a manutenção do Coaf no Ministério da Justiça. Ele esclareceu que não pediu para ter o controle o órgão, mas afirmou que com a mudança o conselho passou a ter mais relevância. Moro disse que denúncias de vazamento que envolvem o Coaf nada têm a ver com o Ministério da Justiça. No entanto, admitiu que isso pode ter acontecido em qualquer outro órgão com acesso às informações.

Ao ser questionado sobre a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Moro afirmou que não se arrepende de nenhuma decisão. Segundo ele, o ex-presidente se beneficiou da “captura” de estruturas estatais por “agentes públicos e políticos inescrupulosos”.

Moro explicou que caberá ao Exército deixar claro o tipo de arma que as pessoas poderão comprar. Para o ministro, ao ajustar o decreto editado duas semanas atrás, o governo mostra que é sensível a críticas.

O ex-juiz disse que não pretende se candidatar a presidente e que aceitou o desafio de ser ministro para consolidar avanços no combate à corrupção. Outra prioridade é enfrentar com mais eficácia o crime organizado – tarefa que, segundo ele, já começa a ter bons resultados. O ministro vê com naturalidade possíveis alterações no projeto anticrime, mas espera que a aprovação aconteça até junho, e sem a retirada de pontos essenciais.

Para Moro, o Brasil padece “de um excesso de drama”, com declarações “superdimensionadas” sem que exista um problema real. O ministro diz que é normal haver divergências entre o governo e o Congresso porque uma nova relação está sendo construída. Ele ressaltou que o país também precisa entender que as manifestações fazem “parte do jogo”.